sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Nem militantes acreditam mais em Bolsonaro



Zé Trovão, caminhoneiro bolsonarista que fugiu para o México e ajudou a orquestrar o bloqueio das 
estradas, não acreditou no áudio de Bolsonaro | Reprodução

Os bolsonaristas se acostumaram a compartilhar tantos vídeos fake sobre tratamento de Covid, urnas eletrônicas, ministros do STF e comunistas que não conseguem mais acreditar num áudio real do presidente. Bolsonaro mandou desbloquear as estradas e esquecer o motim. Traição aos coitados dos caminhoneiros, não é, Zé Trovão. Foragido no México, pode ser preso a qualquer momento. O caminhoneiro Zé lamentou ter arriscado a vida por Bolsonaro.

Vocês deveriam protestar contra a alta da inflação, a quase 10%, contra o desemprego, contra a pobreza, mas não. Os caminhoneiros esquecem seu próprio desamparo e protestam contra o Supremo Tribunal Federal! Que categoria politizada. Só num Brasil surreal, governado por um fanático pela mentira.

Dá para entender que o áudio de Bolsonaro fosse suspeito. A voz era de um derrotado ordenando a rendição dos parças. “Fala pros caminhoneiro aí que esses bloqueios atrapalham nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial aí os mais pobres. Então dá um toque nos caras aí, se for possível, pra liberar tá ok? Pra gente seguir a normalidade”.

Ora, é Bolsonaro quem prejudica todo mundo, especialmente os mais pobres, quem atrapalha a economia, provoca desabastecimento, descontrola a inflação. É sua a guerra contra a normalidade e a Constituição. Soltou a boiada e instalou o caos em nossas vidas. Conta com a covardia de Arthur Lira, sentado na Câmara sobre 131 pedidos de impeachment. E com o palavrório infinito de Pacheco e Aras.

Somos governados por um capitão apavorado em ser preso. Bolsonaro teme ver na cadeia a família inteira. Os quatro filhos homens – o caçula Renan, o vereador Carlos, o deputado Eduardo e o senador Flávio – são investigados por corrupção, desvios do dinheiro público, rachadinhas, ligação com milícia e tráfico de influência. Em desespero, Bolsonaro topa tudo. E já deixou claro, só Deus o tira de Brasília. Prisão, morte ou vitória. O que você prefere?

Às vezes, só o riso nos salva. Foi o que Marcelo Adnet provocou na madrugada tensa, ao simular a voz e o arroto de refluxo de Bolsonaro. "O áudio que circulou aí é falso, tá ok pessoal? Esse sim que é o verdadeiro, é para vocês permanecerem aí, e começarem a dançar a macarena, agora, 3h15 da manhã, e não pararem mais. Quero ver ninguém na boleia hein! Todos pra fora dos caminhões dançando a macarena até aquele outro lá pedir pra sair. Talkei? Selva! (saudação militar)”.

A gargalhada é nervosa. A harmonia entre Poderes é balela. E só o Supremo reage à altura. “Todos sabem quem é o farsante nessa história”, disse o ministro Barroso, respondendo às acusações vazias de farsa eleitoral. “Insulto não é argumento. Ofensa não é coragem. A falta de compostura nos envergonha. Somos vítimas de chacota e desprezo mundial”.

Por tudo o que disse Barroso, chegou a hora de sair às ruas em peso. Se 75% dos brasileiros são a favor da democracia, todos precisamos nos unir agora contra Bolsonaro, mesmo que ele peça desculpas com a ajuda do Temer, perito em sobrevivência. Um presidente que chama de canalha um juiz do Supremo precisa ser impedido, não tem como fingir equilíbrio ou sanidade. Vamos esquecer divergências até a eleição de 2022. Vamos salvar o Brasil e o futuro de nossos filhos e netos.

Por Ruth de Aquino

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