O cerco judicial que se formou em torno de Carlos Bolsonaro, primeiro vereador federal da história, inquieta o presidente da República. Duas coisas tiram o sossego de Bolsonaro. Ele se queixou em privado do vazamento de dados sigilosos sobre o processo do seu filho para as manchetes. Quer interromper fluxo. Reclamou também do trabalho da defesa. Deseja para Carluxo, como o Zero Dois é conhecido na intimidade, uma tática semelhante à que vem sendo adotada para o primogênito Flávio Bolsonaro. Essa estratégica está baseada em três prioridades: arrastar o caso para os tribunais superiores de Brasília, anular provas e protelar o julgamento.
Para Bolsonaro, a defesa de Carlos Bolsonaro deve voltar sua atenções para dois tribunais: o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Foi no STJ que Flávio Bolsonaro obteve a anulação de provas obtidas a partir dos dados bancários e fiscais. Apontavam para o desvio de R$ 6 milhões. O STF favorece o Zero Um adiando indefinidamente o julgamento de recurso sobre o foro em que a rachadinha estadual deve ser julgado. O caso está parado na Segunda Turma, presidida pelo ministro Nunes Marques, toga de estimação de Bolsonaro.
Sempre tão loquaz nas redes sociais, Carluxo guarda um metódico silêncio sobre a corrupção que se enxerga pela fresta da rachadinha do seu gabinete. Ele é tratado como chefe de uma organização criminosa que inclui Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro, e sua parentela. Na opinião de Bolsonaro, a providência mais urgente é anular provas fornecidas pelo Coaf e contestar as quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático dos encrencados.
A rachadinha é uma prática disseminada entre os políticos de baixa extração. Consiste na apropriação de nacos dos salários de assessores. No português das ruas: corrupção. Na família Bolsonaro, a coisa passa de pai para filhos. Os membros da dinastia dizem ser inocentes. Mas não fazem questão de obter veredictos absolutórios. Para os Bolsonaro, a melhor Justiça é a Justiça lenta, de preferência paralisada.
Por Josias de Souza
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