terça-feira, 10 de março de 2020

Bolsonaro quer golpe. A economia mostra que está mais perto do impeachment


Reprodução/Globonews

Já aprendemos aqui e na história do Brasil que o crime de responsabilidade ou o crime comum, relacionado ao mandato, por si, não derrubam presidentes. Eles são uma condição necessária da eventual queda do mandatário, mas não suficiente.

Com ou sem pedalada, Dilma não teria caído se a economia não tivesse mergulhado no abismo. Não reconhecê-lo é exemplo de estupidez — e, de resto, a pedalada aconteceu. Dá até para perguntar: "Já não tinha acontecido antes?" Digamos que sim. Isso só reforça a tese, a saber: é a economia que derruba presidentes, não crimes de responsabilidade ou comuns.

Então convém que o boquirroto Bolsonaro tome cuidado. Sua gestão entregou um crescimento pífio, de apenas 1,1%. Por mais que Paulo Guedes tente se comportar como mascate de esperanças, papel em que seu desempenho nem é tão convincente, o fato é que as dificuldades que vêm pela frente são enormes. Antes do fator coronavírus, poucos apostavam que se cresceria magros 2% neste ano. Agora, a lona é o limite. E já há gente tendo pesadelos com desempenho negativo.

Isso significa que o desemprego continuará nas alturas, o que afeta o consumo, outro pilar do crescimento que já está corroído. Os investimentos estrangeiros não chegam porque, num cenário de instabilidade mundial, temos um presidente doidivanas, capaz de convocar as ruas contra o Congresso e o Supremo, que desce a língua nos marcos regulatórios do seu país em solo estrangeiro, a exemplo do que fez nesta segunda, e que acusa de fraude o sistema eleitoral que elegeu o presidente (ele próprio), vinte e sete governadores, 513 deputados e 54 senadores. Ao fazê-lo, larga uma bomba no Poder Judiciário e se coloca como único fiador da política.

Responda depressa: quem investe em país assim?

Só nesta segunda, as empresas perderam R$ 431 bilhões em valor de mercado na Bolsa. Nos dois primeiros meses do ano, essa perda atinge a estratosférica cifra de R$ 1 trilhão.

E onde está mesmo o nosso mandatário? Lá em Miami, difamando as instituições, falando mal do país, chantageando o Congresso e propondo arruaça.

Seus fanáticos, sem dúvida, estão em êxtase. A questão é saber até onde Bolsonaro chega com eles. O desastre da Bolsa nesta segunda e o dólar apontando para R$ 5 já disseram ao presidente, de modo muito eloquente, quanto poderiam durar suas ambições golpistas.

Bolsonaro ainda não percebeu, eu sei: mas ele está mais perto do impeachment do que do golpe.

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