O bolsonarismo decidiu inovar na sua covardia, exercendo-a em dose dupla. Está tentando organizar, ora vejam!, "carreatas" contra a quarentena. Vou dizer de novo: eles querem fazer "carretas".
Por que a covardia é dupla? Porque, obviamente, uma contaminação em massa pelo coronavírus em período muito curto levará o caos ao sistema de saúde, e isso será especialmente perverso para os pobres. Não é o caso da turma.
Observem que os valentes querem pôr fim a quarentena, mas pretendem que os outros corram riscos, certo? Eles não decidiram se juntar fisicamente, ali, ralando os braços e as convicções e trocando perdigotos de indignidade. Nada disso! A ideia é que cada um fique ilhado em seu bólido, preservando-se do vírus, exercendo a sua coragem de buzinar.
Os valentões temem se misturar até com os de sua laia. Mas querem mandar os pobres e os pretos para o sacrifício.
"Ah, Reinaldo, os Estados não permitiriam concentrações públicas..."
Não seja por isso. Alguns deles têm propriedades que abrigariam, se necessário, milhares de corajosos. Marquem lá uma farra, já que todos parecem mesmo ser favoráveis a uma aplicação muito particular da teoria da contaminação — e, pois, da imunização — do rebanho.
Convenham: convicção não lhes falta, certo? Tampouco faltam exemplares para compor o rebanho...
Por Reinaldo Azevedo
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