Jair Bolsonaro vive atrás de demônios para os quais possa transferir as culpas por suas ações e omissões. Elegeu um demônio novo: o general Luiz Eduardo Ramos, ministro palaciano responsável pela articulação política do governo.
O capitão atribui ao general o desgaste político provocado pelo acordo que manteve sob o controle dos parlamentares R$ 19 bilhões do Orçamento de 2020. Ao denunciar um entendimento que avalizara, Bolsonaro queimou seu ministro.
Líderes partidários sustentam que, desautorizado, Ramos perdeu as condições políticas para atuar como coordenador do Planalto. Avaliam que, sob bombardeio do vereador Carlos Bolsonaro, o general deveria chamar o caminhão de mudança.
Assim como o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, seu antecessor na Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos é um amigo de Bolsonaro de três décadas. Sabia onde estava se metendo quando aceitou ser ministro.
O Congresso já não confia em ministro com mais de 30 anos de amizade com Bolsonaro. Por segurança, não confia também em ninguém com menos de 30 anos de proximidade com o capitão. Em verdade, já não confia nem mesmo em Bolsonaro. E vice-versa.
Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara e do Senado, pretendem se reunir com Bolsonaro. Querem discutir o orçamento impositivo sem intermediários.
Quando empossou Luiz Ramos, há sete meses, Bolsonaro recordou em seu discurso a oração do paraquedista:
"Dai-me, Senhor meu Deus, o que vos resta, aquilo que ninguém vos pede. Não vos peço o repouso nem a tranquilidade, nem da alma, nem do corpo. Não vos peço a riqueza, nem o êxito, nem a saúde".
Bolsonaro arrematou: "Sua vida vai ser difícil, mas não vai ser tão difícil como essa [de paraquedista] não, pode ter certeza disso." Era lorota.
Por Josias de Souza
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