quinta-feira, 12 de março de 2020

Bolsonaro não é médico, não é economista e nem sequer político


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Wajngarten volta de viagem com Bolsonaro com suspeita de coronavírus

Se você votou em Jair Bolsonaro por acreditar nele, e não só para derrotar o PT, e se ainda não se decepcionou, relaxe. Não tem porque entrar em pânico com a disseminação do coronavírus pelo mundo e o crescimento do número de casos confirmados por aqui.

Se está disposto a comparecer às manifestações convocadas para o próximo domingo de apoio ao governo e de críticas ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, compareça, ora. Junte-se às multidões. Celebre. Democracia serve para essas coisas.

Não ligue para notícias sobre a suspensão de eventos coletivos em quase todos os países já atingidos pela pandemia. Nem para a proibição da entrada de europeus nos Estados Unidos, anunciada ontem à noite pelo presidente Donald Trump.

Trump e Bolsonaro estão juntos. Ou melhor: estiveram, e não só para jantar. Trump subestimou o coronavírus. Bolsonaro imitou-o como de costume. Mas como Trump é candidato à reeleição em novembro, foi aconselhado a mostrar serviço. Começou a mostrar.

Bolsonaro, não, segue firme, resoluto. Não se deixa impressionar com pouca coisa. Em Miami, foi taxativo:

“Temos no momento uma crise, uma pequena crise. Há muito mais fantasia na questão do coronavírus. Não é isso tudo que a grande mídia propaga ou propala pelo mundo todo”.

Sentiu a diferença entre um líder de pulso forte e outro que se deixa levar por conjunturas e ambições? Um pensa no longo prazo, tenta enxergar o futuro – e o dele só será definido daqui a três anos. O outro pensa no imediato, é uma Maria vai com as outras.

De volta ao Brasil, no dia em que a Organização Mundial da Saúde decretou pandemia mundial da doença, Bolsonaro explicou sem perder a calma nem dar banana desta vez:

“Eu acho… eu não sou médico, não sou infectologista. Do que eu vi até o momento, outras gripes mataram mais do que essa”.

Razoável. Não é médico, nem economista, sequer político, e nunca leu um livro, nem mesmo as memórias do coronel torturador Brilhante Ulstra. A letalidade do coronavírus até aqui é baixa se comparada, por exemplo, com a da gripe espanhola.

Mesmo assim, Henrique Mandetta, ministro da Saúde, está preocupado. Em reunião com líderes do Congresso, admitiu que a contaminação pelo coronavírus se dará em progressão geométrica a partir da próxima semana e que a situação é alarmante.

Mandetta quer R$ 5 bilhões para enfrentar o que está por vir. Precisa ampliar a rede de postos de saúde e contratar 20 mil médicos. Como não ousa contrariar Bolsonaro, evita dizer que grandes aglomerações facilitam a progressão do coronavírus.

Por excesso de uma sabedoria que todos lhe reconhecem, Bolsonaro não quer que nada atrapalhe as manifestações dos seus devotos. Será um ato democrático, uma vez que a Constituição garante a todos o direito de pensar e de se expressar livremente.

É sua devoção ao Estado de Direito que faz Bolsonaro agir assim. Você tem alguma dúvida disso? Então todos às praças e ruas no domingo, sem medo, juntinhos, de mãos dadas. Máscaras só para os infectados. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!


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