O que surpreende no relatório da delegada Denisse Ribeiro, da Polícia Federal, sobre o inquérito que apura a divulgação de fake news por Bolsonaro não é a conclusão de que o presidente teve atuação 'direta e relevante' para gerar desinformação sobre sistema eleitoral brasileiro. Isso todo mundo já sabia. O que espanta mesmo é que um presidente que arma um banzé para tumultuar uma eleição que pode retirá-lo do poder continue dando expediente no Planalto como se nada tivesse sido descoberto sobre ele.
Como de hábito, Bolsonaro se encarregou de produzir as provas que servem de matéria-prima para a PF. Segundo a delegada, a live em que Bolsonaro mentiu sobre as urnas "foi realizada com o nítido propósito de desinformar", alimentando teorias que fortalecem os laços com os seus seguidores mais conservadores. Tudo isso também já estava entendido.
Falta agora informar o que pretende fazer o ministro Alexandre de Moraes, destinatário do relatório da PF no Supremo, para evitar que os surtos de Bolsonaro se transformem numa encenação parecida com aquela em que seguidores de Donald Trump invadiram o Congresso americano depois da derrota, numa tentativa frustrada de golpe. Bolsonaro monta o mesmo palco no Brasil.
Por Josias de Souza
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