Um presidente que dá as costas ao seu eleitorado mais fiel erra o alvo. Um presidente que governa para menos de um terço dos eleitores vira o alvo. Enquanto Bolsonaro se concentra no projeto de se consolidar como um estorvo sanitário, o bolsonarismo acorrentam-se no Congresso a uma agenda que inclui a liberação da caça e da propaganda de armas.
Presidente da Comissão do Meio Ambiente da Câmara, a deputada bolsonarista Carla Zambelli passa a impressão de que deseja estragar o ambiente inteiro. A pretexto de promover o controle dos javalis, colocou na pauta do colegiado nesta terça-feira projeto que libera a caça esportiva. Ela sabe que os caçadores compõem um pedaço da base de sustentação do seu mito.
A iniciativa da deputada soma-se ao movimento do colega Eduardo Bolsonaro, que apresentou dias atrás projeto de lei para autorizar a propaganda sobre armas de fogo em jornais, revistas, TVs e redes sociais. O filho Zero Três do presidente argumenta que "deixar o cidadão desarmado é estratégia de governos opressores". Sustenta que, "sem armas o povo vira presa fácil para ditadores."
O Brasil sofre com vários macroproblemas: fome, desemprego, inflação e perspectiva de recessão. Mas Bolsonaro e seus seguidores, tomados pela agenda, padecem de uma moléstia sui generis: micromegalomania. Confundem arcaísmo com conservadorismo. E imaginam que a força do atraso minoritário produzirá a reeleição.
Um comentário:
Um passo vacilante pra frente
Dois vigorosos passos pra trás
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Esquece e elege outro ferrabrás
AHT
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