Um dos alvos preferenciais dos partidos de centro, de direita e de esquerda para compor uma chapa presidencial em 2022, o MDB lança nesta quarta-feira, 8, a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) ao Palácio do Planalto. Única mulher até agora a ter o nome colocado na disputa e fortalecida por uma participação importante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Simone terá o desafio de fazer seu nome decolar mais rapidamente do que a ação dos partidos que desejam ter o apoio do MDB para seus próprios candidatos.
Citada como uma espécie de “vice ideal” por aliados de candidatos como João Doria, Sérgio Moro e Rodrigo Pacheco, a candidatura própria de Simone enfrenta agora outra articulação política. Setores do partido – especialmente do Nordeste e do Norte – avaliam que uma aliança em torno de Luiz Inácio Lula da Silva seria a melhor opção para o MDB. Nesse caso, uma das alternativas para a composição dessa chapa seria com o governador de Alagoas, Renan Filho, ocupando a vaga de vice do ex-presidente.
Todas essas articulações alternativas também enfrentam problemas para avançar nesse momento justamente pela grande diversidade política do MDB. Há grupos historicamente alinhados com o PT. Mas outros setores importantes do MDB teriam imensa dificuldade de se alinharem com os petistas, como é o caso dos emedebistas do Sul e de São Paulo. Os petistas também resistem a uma nova aliança nacional com o MDB por conta do processo de impeachment de Dilma Rousseff, que fez com que Michel Temer assumisse à Presidência. Mas depois que o próprio Lula abriu negociações com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), rival histórico do PT, para a possibilidade de vaga de vice, uma nova aliança com o MDB deixou de ser visto como um ponto incontornável.
No meio desse processo, Simone trabalha para fortalecer sua candidatura. Tem o apoio do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), que enxerga o movimento como uma possibilidade de reposicionar o partido no jogo político. Além disso, o perfil da candidatura de Simone é visto com grande potencial para atrair o eleitor insatisfeito com a polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro. Com a exceção de Sérgio Moro, cuja candidatura começou a ganhar tração nas pesquisas, outros nomes da chamada terceira via são vistos no mesmo estágio (ou abaixo) de popularidade que o de Simone.
A senadora também quer fugir um pouco da imagem de “vice perfeita” para se afirmar como candidata. Em conversas recentes, quando é perguntada sobre o que acha da possibilidade de outros candidatos a procurarem para discutir uma composição como vice, Simone tem sido aguda na resposta. Ela rebate dizendo que, logo depois de ser lançada pelo MDB, também vai conversar com esses políticos sobre a vaga de número dois na chapa que pretende encabeçar.
Com o cenário nacional começando a tomar seus contornos mais definidos, existe uma janela até abril para que as pré-candidaturas se consolidem ou desidratem. Com o MDB não será diferente. A solenidade de lançamento de Simone deverá ter presença maciça dos cardeais do partido, incluindo aqueles que desejam um desfecho diferente da candidatura própria. Até para ver até onde Simone poderá avançar. Segundo um desses líderes, que tem muito bom relacionamento com Lula, “até março, abril, todo mundo pode tentar ser candidato, mas precisa mostrar competitividade quando o processo afunilar”.
No Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário