sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

O ano em que o mito miou



A ultima reflexão do ano é: já vai tarde. Certamente um dos piores, senão o pior, ano de nossas vidas. Para o vovô e o netinho, atravessando gerações que suportaram presidentes bêbados, tirânicos, incompetentes, ladrões ou doentes mentais, e crises econômicas e políticas quase permanentes. Brava gente brasileira.

Mas não adianta chorar pelo ódio derramado. O ano que vem pode ser pior, bem pior, se muita coisa não mudar. Para melhor. Dentro e fora de nós. Não é possível que uma minoria de 20% de fanáticos mande no destino de 210 milhões de brasileiros usando a mentira como método e os truques mais sujos para minar e destruir a democracia.

Ao estuprar o orçamento para dar aumento para os policiais, Bolsonaro ganhou 45 mil votos. E perdeu 1 milhão, dos funcionários públicos federais que o odiaram porque não tiveram o mesmo benefício. Brilhante jogada de marketing político... de seus adversários.

O pior é que esses 45 mil eleitores agradecidos estão armados pelo Estado e são pagos com os impostos da população — para defendê-la. Mas talvez ele esteja pensando em juntar forças fiéis para uma insurreição armada que o livre, e aos seus filhos, da cadeia...

Mas, apesar de tudo, estou esperançoso, não por acaso tenho uma filha chamada Esperança. Só que nem ela aguentou o Brasil e foi morar em Madri. Minha esperança brasileira é que o maior inimigo de Bolsonaro é ele mesmo, especialista em tiros nos pés, nos quatro, em criar inimigos, em mentiras e bravatas absurdas que o obrigam a voltar atrás com o rabo entre as pernas, como quando o mito miou fino depois de seu surto golpista de sete de setembro e teve que pedir ajuda a Temer para uma retratação humilhante. “No calor do momento” ele pode querer fechar o Congresso ou o Supremo. Mas aí não haverá carta que o salve do impeachment.

Paladino do combate à corrupção, está como pinto no lixo no partido de um ex-presidiário e nas mãos de uma tropa, matilha, quadrilha, que apoia qualquer governo, desde que sacie sua fome insaciável por cargos e verbas públicas, mas não acompanham nenhum governo ao túmulo. Bolsonaro desistiu de falar para 80% da população que ainda têm alguma racionalidade além de suas necessidades urgentes de sobrevivência. Que Deus tenha piedade de sua alma. Mas muito mais das nossas.

Por Nelson Motta

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