Tiririca é produto da avacalhação da política. Em 2010, levou seu besteirol de circo para o horário eleitoral gratuito. Sem saber onde ficava o Congresso, tornou-se o deputado mais votado do país.
Bolsonaro é produto da descrença nos políticos. Em 2018, misturou seu discurso de ódio com uma pregação antissistema. Sem saber governar, recebeu quase 58 milhões de votos e virou presidente.
Em duas semanas, o palhaço e o capitão devem se transformar em colegas de sigla. Vão dividir espaço no Partido Liberal, acostumado a fazer negócios com todos os governos. As duas filiações foram costuradas pelo mesmo personagem: o ex-deputado Valdemar Costa Neto.
O chefão do PL é um mestre na arte da sobrevivência. Deputado por seis mandatos, renunciou duas vezes para escapar da cassação. Foi condenado no mensalão e delatado na Lava-Jato. Amargou um ano na cadeia, mas nunca deixou de mandar na legenda.
“Escolha de partido é igual a casamento”, disse Bolsonaro em outubro. Neste caso, um casamento de interesses. O presidente precisava de uma sigla para disputar a reeleição, e o PL buscava um puxador de votos para engordar o fundo eleitoral.
O capitão perambulava atrás de um partido havia dois anos. Não conseguiu registrar o Aliança pelo Brasil e foi chutado pelo Patriota antes de assinar a ficha. Agora vai arrastar seu grupo para uma legenda com força nos estados e tempo na TV.
O histórico dos noivos sugere que o enlace pode durar pouco. Bolsonaro já passou por oito siglas diferentes. Deixou o PSL porque perdeu a disputa pelo cofre. Valdemar não gosta de dividir poder nem dinheiro. Aceita aliados de todas as tribos, desde que não contestem suas ordens.
Tiririca se lançou na política com o lema “Pior que tá, não fica”. Desde que subiu a rampa, Bolsonaro se empenha em mostrar que ele estava enganado.
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