"Tem três partidos que me querem, fico muito feliz", disse Bolsonaro na cidade italiana de Anguillara Veneta, onde nasceu o seu bisavô. "São três namoradas, vamos assim dizer. Duas vão ficar chateadas. O PRB, antigo nome do Republicanos, o PL, e o PP. Cada dia um tá na frente na bolsa de apostas."
Sem partido, Bolsonaro aninhou-se no centrão. Mantém com as legendas do grupo um relacionamento aberto. Ninguém é de ninguém. E o Tesouro Nacional é deles todos. Por exigência legal, o capitão terá de escolher um partido para disputar a reeleição.
Anteontem, Bolsonaro escolheria o PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira, campeão no ranking de encrencados do falecido petrolão. Hoje, optaria pelo PL do ex-presidiário do mensalão Valdemar Costa Neto. Amanhã, nada impede que caia nos braços do Republicanos, ramificação política da igreja Universal.
Qualquer que seja a legenda escolhida por Bolsonaro o cruzamento resultará em filhos com a feiura do centrão e a esperteza do capitão. Ou vice-versa. Há de tudo neste namoro coletivo, exceto interesse público.
Bolsonaro é cortejado mesmo ostentando taxa de reprovação de 53% e rejeição eleitoral de 59% no Datafolha. Por quê? Avalia-se que as verbas que o presidente tem a oferecer financiarão a eleição de grandes bancadas na Câmara.
O tamanho da mordida nos fundos partidário e eleitoral é proporcional à dimensão da bancada de deputados federais. De resto, quanto maior for o número de cadeiras no Legislativo mais incontornável será a chantagem fisiológica a ser feita ao próximo presidente, seja ele quem for.
As legendas namoram Bolsonaro de olho no patrimônio, não no matrimônio. "Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é", uivou o delator do mensalão Roberto Jefferson depois que o seu PTB foi excluído do páreo. Jefferson insinua que a via monetária tem mão dupla. Sustenta que Bolsonaro e sua prole adquiriram o "vício nas facilidades do dinheiro público". Impossível discutir com um especialista.
Por Josias de Souza
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