terça-feira, 2 de novembro de 2021

Legendas 'namoram' Bolsonaro de olho no patrimônio, não no matrimônio



"Tem três partidos que me querem, fico muito feliz", disse Bolsonaro na cidade italiana de Anguillara Veneta, onde nasceu o seu bisavô. "São três namoradas, vamos assim dizer. Duas vão ficar chateadas. O PRB, antigo nome do Republicanos, o PL, e o PP. Cada dia um tá na frente na bolsa de apostas."

Sem partido, Bolsonaro aninhou-se no centrão. Mantém com as legendas do grupo um relacionamento aberto. Ninguém é de ninguém. E o Tesouro Nacional é deles todos. Por exigência legal, o capitão terá de escolher um partido para disputar a reeleição.

Anteontem, Bolsonaro escolheria o PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira, campeão no ranking de encrencados do falecido petrolão. Hoje, optaria pelo PL do ex-presidiário do mensalão Valdemar Costa Neto. Amanhã, nada impede que caia nos braços do Republicanos, ramificação política da igreja Universal.

Qualquer que seja a legenda escolhida por Bolsonaro o cruzamento resultará em filhos com a feiura do centrão e a esperteza do capitão. Ou vice-versa. Há de tudo neste namoro coletivo, exceto interesse público.

Bolsonaro é cortejado mesmo ostentando taxa de reprovação de 53% e rejeição eleitoral de 59% no Datafolha. Por quê? Avalia-se que as verbas que o presidente tem a oferecer financiarão a eleição de grandes bancadas na Câmara.

O tamanho da mordida nos fundos partidário e eleitoral é proporcional à dimensão da bancada de deputados federais. De resto, quanto maior for o número de cadeiras no Legislativo mais incontornável será a chantagem fisiológica a ser feita ao próximo presidente, seja ele quem for.

As legendas namoram Bolsonaro de olho no patrimônio, não no matrimônio. "Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é", uivou o delator do mensalão Roberto Jefferson depois que o seu PTB foi excluído do páreo. Jefferson insinua que a via monetária tem mão dupla. Sustenta que Bolsonaro e sua prole adquiriram o "vício nas facilidades do dinheiro público". Impossível discutir com um especialista.

Por Josias de Souza

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