A filiação de Bolsonaro ao PL abre para o presidente a perspectiva de compor uma coligação com outras duas legendas: PP e Republicanos. Com isso, Bolsonaro ganha em 2022 algo que não tinha em 2018: verba e tempo de propaganda na TV. Mas perde o discurso de candidato antissistema que o levou do baixo clero da Câmara para o Planalto. Disputará a reeleição como candidato do sistêmico centrão, tendo do seu lado o correligionário Valdemar Costa Neto, ex-preso do mensalão, e os aliados Ciro Nogueira e Arthur Lira, estrelas da fase do petrolão.
Confirmando-se a coligação, Bolsonaro terá algo como 2 minutos e 20 segundos de propaganda no rádio e na TV, afora as inserções de 30 segundos inseridas ao longo da programação das emissoras. Em 2018, ele dispunha de míseros oito segundos. Terá também acesso a uma caixa registradora estimada em pelo menos R$ 376 milhões, a soma dos recursos do fundo eleitoral dos seus aliados. O valor é 30 vezes superior aos R$ 12,8 milhões de que dispunham o PSL e o PRTB, partidos que compunham a aliança artesanal de 2018. A campanha do capitão recebeu R$ 500 mil das duas legendas.
Para se equiparar a Bolsonaro, Lula terá de coligar o seu PT ao PSB e ao PCdoB. Contaria, então, com praticamente o mesmo tempo de propaganda e uma cifra equivalente de fundo eleitoral. Recém-filiado ao Podemos, com apenas 27 segundos de propaganda, Sergio Moro passou a sonhar com o tempo de 1 minuto e 50 segundos do União Brasil, cruza do DEM com o PSL.
Bolsonaro atribui sua eleição de 2018 à indústria de empulhações montada pelo filho Carlos Bolsonaro nas redes sociais. Sua campanha foi vitaminada pela superexposição que obteve depois do episódio da facada. Cogitou filiar-se novamente a um partido nanico. Foi convencido de que precisa de uma vitrine eletrônica para expor as realizações do seu governo. O problema é que falta matéria-prima para o comercial.
Na sucessão passada, as siglas que agora sustentam Bolsonaro estavam na coligação do tucano Geraldo Alckmin. Campeão do horário eleitoral, com mais de cinco minutos de propaganda, Alckmin, hoje um quase ex-tucano saiu da campanha do tamanho de um filhote de pardal.
Por Josias de Souza
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