Deve-se louvar a queixa elaborada pelo repórter Jamil Chade, do UOL, junto com o jurista Paulo Lugon Arantes, sobre as agressões de guarda-costas de Bolsonaro contra jornalistas em Roma, no último domingo. Acompanhado de vídeo, o documento será analisado na ONU e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Jamil foi uma das vítimas das agressões. Ele também registrou queixa numa delegacia de Roma. Assim devem proceder os jornalistas atacados verbalmente pelo presidente e fisicamente por seus seguranças.
Outros repórteres também registraram queixa. A Globo contratou um advogado italiano, para exigir a apuração do episódio. O contribuinte brasileiro paga as viagens do presidente para que ele faça campanha fora de época no Brasil e exiba sua condição de pária no exterior. Não é admissível que Bolsonaro não pague por nada, nem mesmo pelos excessos que comete ou consente. Bolsonaro virou símbolo do patrimonialismo mal-educado e mal investigado.
Graças à inércia de autoridades e instituições, o símbolo não costuma responder pelo que simboliza. Bolsonaro é tratado como um ser inimputável. Não parece razoável que jornalistas agredidos também tratem o chefe da nação como se fosse um menor de idade ou um índio isolado, insuscetível de enquadramento penal ou cível. É preciso reagir, sob pena de estimular o presidente e sua segurança miliciana a adotarem a violência como padrão na cobertura jornalística da campanha presidencial de 2022.
Vítima de ataques misóginos de Bolsonaro e de sua prole, a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha, processou o presidente e o Zero Três Eduardo. Obteve sentenças condenando a dupla a pagar indenizações por danos morais de R$ 20 mil e R$ 35 mil. Certas coisas não podem passar em branco.
Por Josias de Souza
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