A onze meses da eleição presidencial, Lula festeja a liderança nas pesquisas. E Bolsonaro, na segunda colocação, celebra o excesso de candidatos que se aglomeram na região do centro e nos seus arredores oferecendo ao eleitorado a mesma mercadoria: o fim da polarização. Há cartas demais no baralho da sucessão. E nenhum candidato conseguiu vestir, por enquanto, o figurino de um curinga, com potencial para alterar a dinâmica do jogo. Lula e Bolsonaro continuam ostentando a condição cabos eleitorais um do outro.
A vitória de João Doria nas prévias do PSDB consolidou o quadro de pretendentes ao trono. Além do governador de São Paulo, foram à pista Simone Tebet, do MDB; e Rodrigo Pacheco, do PSD. Mas ambos são vistos não como cabeças de chapa, mas como opções de vice. A julgar pelas reações que provocou desde que se filiou ao Podemos, Sergio Moro foi o único dos neopresidenciáveis que surpreendeu na largada. Entrou instantaneamente na alça de mira de Bolsonaro. Recebeu estocadas de Ciro Gomes. Foi afagado por João Doria.
Moro oscila nas pesquisas no intervalo de 9% a 11%. Se cair, vira assunto de pé de página. Se chegar a 15% até março, inibe a chance de crescimento de Ciro, com quem disputa a terceira posição. E torna ainda mais difícil a pretensão de Doria de saltar da sua atual condição de microcandidato para um posto de fenômeno eleitoral que nem a vacina do Butantan foi capaz de lhe proporcionar.
Se Moro oscilar em direção aos 29% até até maio, passa a ser a principal ameaça à presença de Bolsonaro no segundo turno.
Outubro de 2022 ainda é um ponto longínquo na folhinha. Quem se aventurar a fazer prognósticos sobre o resultado da sucessão se arrisca a produzir quiromancia, e não análise política. Quando não é possível definir bem as coisas, é melhor não dizer coisas definitivas. Mas algo já pode ser dito: se Moro virar um presidenciável competitivo, vai animar a disputa.
Será divertido e didático assistir aos embates do ex-preso com o ex-juiz que o Supremo tachou de parcial. Ou do ex-paladino da nova política com o ex-ministro da Justiça que conviveu por mais de dois anos com uma família de imagem bem rachadinha.
Por Josias de Souza
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