O governo Bolsonaro, como se sabe, trava uma guerra permanente contra o bom senso. Perde todas as batalhas. Mas não desiste. Deve-se ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, a mais recente vitória da razão sobre a estupidez. Ele suspendeu trechos de portaria do Ministério do Trabalho que concediam aos trabalhadores que se recusam a tomar vacina o direito de infectar os colegas vacinados.
Pela decisão de Barroso, as empresas podem exigir comprovantes de vacinação dos seus funcionários. No limite, podem demitir os recalcitrantes. Signatário da portaria que proibia a demissão dos não vacinados, o ministro Onyx Lorenzoni, soldado da milícia negacionista, argumentara que a rescisão do contrato de trabalho dos sem-vacina equivaleria à discriminação de trabalhadores por motivação sexual ou racial.
Barroso ensinou a Onyx que o objetivo da exigência do atestado de vacina é proteger, não discriminar. A medida "se volta à proteção da saúde e da vida dos demais empregados e do público em geral". O magistrado anotou, de resto, algo que Onyx poderia ter aprendido com qualquer criança de cinco anos: "Existe consenso médico-científico quanto à importância da vacinação para reduzir o risco de contágio por Covid-19, bem como para aumentar a capacidade de resistência de pessoas que venham a ser infectadas."
O noticiário esfrega o óbvio diariamente na cara do governo. O número de infectados e de mortos recua na proporção direta do avanço da vacinação. O problema é que gente como Bolsonaro e Onyx esbarra no óbvio, tropeça no óbvio e passa adiante sem reconhecer que o óbvio é o óbvio. A decisão de Barroso será, obviamente, referendada pelos colegas de tribunal. Mas é constrangedor que ministros da Suprema Corte tenham que desperdiçar tempo e energia para esclarecer a Bolsonaro e sua tropa que a terra não é plana.
Por Josias de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário