Na família Bolsonaro, quem sai aos seus não endireita. O Ministério Público do Rio de Janeiro colecionou evidências capazes de transformar em denúncia formal a suspeita de que o gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal é mais uma filial —com trocadilho— do conglomerado familiar da rachadinha. O diminutivo não atenua a gravidade do crime. É peculato.
Descobriu-se que o chefe de gabinete Jorge Luiz Fernandes, visto como uma espécie de segundo pai de Carluxo, recebeu algo como R$ 2 milhões em créditos provenientes de contas de seis servidores levados à folha do legislativo municipal pelo Zero Dois. Parte do dinheiro pagou contas do dono do gabinete.
A promotoria jogou luz sobre os calcanhares de vidro de Carluxo quando se descobriu que sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro e madrasta do vereador, foram empregados no gabinete, mas não compareciam ao trabalho.
O esquema mantém o método do patriarca. Político profissional, Bolsonaro desfrutou de 32 anos de mandatos. Elegeu três filhos, entre eles Carluxo. Juntos, construíram a holding da rachadinha. Passaram pelos gabinetes da família, entre ex-mulheres, parentes e laranjas, 102 pessoas que se deixaram extorquir, cedendo parte do salário.
A investigação sobre Carluxo começou em 2019, primeiro ano de Bolsonaro na Presidência. Por uma emboscada do azar, o inquérito amadurece depois que o pai do suspeito, fora do Planalto e crivado de processos, já não dispõe de poder para blindar o filho, como fez com o primogênito Flávio Bolsonaro.
Compreende-se agora o porquê de Carluxo ter propalado, dias atrás, que deixaria de administrar as redes sociais do pai. Ele passou a ter outras prioridades.
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