quinta-feira, 18 de maio de 2023

Reina a paz entre Lira e Lula, até a próxima briga


Lira e Lula

Durante a campanha eleitoral, Lula disse que Arthur Lira tinha "poderes imperiais" e presidia a Câmara como se fosse "imperador do Japão." Nesta quarta-feira, antes de embarcar para o Japão, Lula foi informado de que Lira havia garantido a Fernando Haddad que o regime de urgência para a votação da proposta de nova regra de controle de gastos do governo seria aprovado com os votos de mais de 300 deputados. Horas depois, o otimismo ganhou forma no painel eletrônico da Câmara: 367 votos a favor e 102 contra. A Fazenda fez festa. A Casa Civil, não. Ali, há o receio de que o armistício com o "imperador" terá prazo de validade curto.

O projeto sobre a nova regra fiscal, agora submetido ao ritmo de caixa do regime de emergência, deve ser aprovado até a próxima quarta-feira, seguindo para o Senado. Será a primeira vitória relevante do governo no Congresso. O êxito chega na segunda metade do quinto mês do governo. Foi obtido graças ao empenho de Fernando Haddad e à conveniência de Lira, que forçou Lula a ajoelhar o PT no milho e a abrir os cofres. O PT silenciou os seus bumbos. E Lira retoma gradativamente a pose de "imperador" do reino das emendas orçamentárias, agora semitransparentes.

O placar elástico da Câmara passa a impressão de que foram superadas as rusgas que levaram os deputados a derrubar, semanas atrás, trechos de decretos de Lula que desfiguravam o marco do saneamento. Engano. Operadores de Lira cercam a gestão Lula na CPI do MST. Vem aí, de resto, a aprovação de projeto que fixa a Constituição de 88 como marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Será como rasgar uma bandeira de campanha de Lula. A ideia é votar antes do julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, marcado para 7 de junho.

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