quinta-feira, 11 de maio de 2023

Sob Bolsonaro, Brasil do jeito para tudo ganhou aparência de país sem jeito



A revelação de que as prisões da Polícia Federal em inquéritos sobre corrupção caíram 90% entre o primeiro e o último ano da gestão Bolsonaro é mais uma evidência estatística de que o governo do capitão virou para trás a página do combate à corrupção no Brasil. Em 2019, quando Bolsonaro ainda era a pose antissistêmica fabricada na campanha, foram em cana 421 suspeitos. Em 2022, quando já estava claro que não havia por trás da faixa presidencial nenhum fragmento de ética ou moral, foram feitas apenas 42 detenções.

Antes de tomar posse, Bolsonaro incomodava-se com questionamentos sobre a rachadinha do seu primogênito, pendurada nas manchetes depois da vitória no segundo turno. Hoje, afora o negacionismo e o golpismo, responde por perversões que incluem até a tentativa de roubo das joias sauditas. Sob Bolsonaro, restaurou-se a imoralidade.

A exposição dos pés de barro da Lava Jato, potencializada pela conversão de Sergio Moro em ministro de uma pose, apressou as articulações. O orçamento secreto, versão pós-moderna do mensalão e do petrolão, escancarou o processo. Os brasileiros que ainda não perderam a capacidade de se indignar submetem os seus botões a um interrogatório: Afinal, os escândalos de corrupção vêm para o bem ou para o mal? O acúmulo de roubalheiras significa que o país afunda nos seus vícios? Ou o fato de as denúncias continuarem ganhando o noticiário é sinal de avanço?

A sensação é de cansaço. O impeachment de Collor seria um marco redentor. Não foi. Vieram os anões do Orçamento; o caso dos sanguessugas; o mensalão; o petrolão; as rachadinhas, as rachadonas; as propinas dos pastores do MEC, o emendão do centrão, as joias das arábias... Conhecido mundialmente como o país do jeito para tudo, o Brasil vai se revelando o país que não tem jeito. É como se existisse no país uma falha estrutural, uma urucubaca que eterniza a percepção de que a política brasileira é feita majoritariamente de culpados e cúmplices.

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