quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Lira afronta STF e dá CCJ a investigada: fake news, golpismo e negacionismo


Bia Kicis: ela é uma defensora ainda mais radical de todas as teses de Bolsonaro que não prestam. Está sendo recompensada pelo presidente por intermédio de Lira Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Câmara, indicou a deputada Bia Kicis (PSL-DF) para a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), tida, com razão, como a mais importante da Casa. Trata-se de uma provocação barata aos valores da democracia e ao Supremo Tribunal Federal.

Por onde começar? Aquela que vai presidir a comissão que avalia a constitucionalidade de emendas, projetos de lei e atos normativos entende, por exemplo, que o Artigo 142 da Constituição autoriza as Forças Armadas a intervir no processo político quando achar necessário, inclusive para desautorizar o Supremo. Sim, ela já disse isso com todas as letras, citando o pior artigo que o professor Ives Gandra escreveu na vida, em que trata os militares como o Poder Moderador — um Poder Moderador com canhão.

Kicis foi uma incentivadora entusiasmada dos atos golpistas e uma defensora estridente da intervenção dos militares para, digamos, pôr o Supremo no seu devido lugar. Só isso? Não! Ela também é investigada no inquérito aberto pelo Supremo para apurar a divulgação de fake news.

Isso ainda não diz tudo sobre sua biografia. É uma negacionista radical no caso do coronavírus. Em sua biografia, há a manifestação entusiasmada, comemorando o fim do lockdown em Manaus, dias antes de o caos tomar conta da cidade e de os pacientes começarem a morrer asfixiados por falta de oxigênio.

Investigada pelo Supremo, autora de discursos golpistas — que, claro!, ela considera apenas restauradores da ordem constitucional —, entusiasta da condução criminosa dada pelo governo federal no combate à pandemia, eis a deputada que Arthur Lira considera que terá competência, temperança e rigor técnico para avaliar a constitucionalidade dos textos que passarem pela Câmara.

O "recuo" de Arthur Lira no caso da formação da Mesa Diretora, tudo indica, foi um falso gesto de paz. A indicação de Bia Kicis atende a um desejo de Bolsonaro. É coisa de quem quer guerra.

Abaixo, Bia Kicis defende que Bolsonaro coloque as Forças Armadas contra o Supremo.


Por Reinaldo Azevedo

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