Xiii... O presidente Jair Bolsonaro deixou magoada parte da moçada que circula ali pela Faria Lima e que acreditou, logo de cara — não foi só voto contra o PT —, que o Capitão era a solução para os problemas do Brasil. Ou, ao menos, para o que entendiam ser os problemas do Brasil.
Na sua "live" estilo Al Qaeda desta quinta, Bolsonaro se zangou com os mercados. Reagiram mal quando ele decidiu interferir nos preços da Petrobras. O buchicho também não foi nada bom com essa história de auxílio emergencial.
Uma conjunção de fatores criou uma disjuntiva entre o Brasil dos tais mercados e aquele em que se movem os milhões de brasileiros sem vacina, sem emprego e sem renda, mas com um vírus circulando freneticamente e outro, ainda mais perigoso, a assombrar.
Como Guedes ainda é considerado a âncora — com a devida vênia, não sei bem de quê — e como nada indica que vá deixar o cargo, então se aposta que ele uma hora põe ordem no que se vê lá como bagunça. Alheia às advertências da ciência, essa gente levou mesmo a sério a história de que o ciclo do auxílio emergencial teria chegado ao fim.
E a certeza de que será ressuscitado gerou ruído. Bolsonaro se zangou. Afirmou que isso é coisa "de quem nunca passou fome". E deu um pito na moçada:
"O pessoal do mercado... Qualquer coisa que se fala, vocês ficam 'irritadinhos' na ponta da linha, né? Sobe dólar, cai a Bolsa. Pessoal, se o Brasil não tiver um rumo, todo mundo vai perder -- vocês também. Então vamos deixar de ser 'irritadinhos', porque não vai levar a lugar nenhum. Estamos buscando soluções".
Seja lá o que isso signifique.
Bem, nessas horas, suponho, as pessoas desses tais mercados devem fazer de conta que a lógica e os fatos não existem e entrar em sua bolha, fazendo as suas apostas segundo o que vai nesse mundo paralelo.
Por que afirmo isso? O grande nó do auxílio emergencial é não haver dinheiro. O governo precisaria conciliar corte severo de gastos com fim de formas variadas de renúncias fiscais -- ou isenções ou incentivos. Nada é fácil. Afirmou o presidente:
"Toda vez que se fala em reduzir a maioria dos impostos, você tem que ou majorar outros tributos, ou criar um novo. Estamos tratando disso [com a Economia] porque pode ser que exista uma cláusula de excepcionalidade para isso. Estamos na pandemia, a crise está aí. No que depender de mim, quero reduzir PIS/Cofins, num primeiro momento, para o diesel".
Não sei o que tentou falar. Quer dizer que sempre será preciso majorar impostos quando se fala em... corte de impostos? Até pode ser assim. Mas é isso o que tem a dizer sobre reforma tributária? E lá está ele de olho na sua base. Num primeiro momento, afirma querer reduzir PIS/Cofins do diesel. Sei. Segundo a sua própria fórmula, algum outro imposto tem de aumentar.
Dada a barafunda, o mercado está bem pouco "nervosinho". Já não aposta tanto assim em Guedes, mas teme feitiçaria pior.
Por Reinaldo Azevedo
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