As ações da Petrobrás começaram a semana com forte queda, que chegou a 20%, puxando o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, que recua 5%, e também os papéis de outras estatais, como Eletrobrás e Banco do Brasil. A Petrobrás perdeu R$ 85,7 bilhões em valor de mercado só na primeira hora da sessão desta segunda. Na sexta, a perda de valor já havia sido de R$ 28,2 bilhões, para R$ 365,6 bilhões.
A desvalorização é uma reação do mercado financeiro à interferência do presidente Jair Bolsonaro no comando da petroleira. Na sexta-feira, 19, ele indicou o general e ex-ministro da Defesa Joaquim Silva e Luna, atualmente diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, para assumir a presidência da Petrobrás e um assento no conselho de administração da estatal.
Às 12h24, as ações ON da Petrobrás tinham queda de 19,19% e as PN, de 19,06%. Eletrobrás ON caía 4,609% e as ações do Banco do Brasil recuavam 12,14%. O Ibovespa registrava perdas de 5,25%. O dólar, em alta desde a abertura dos negócios, avançava 1,99%, cotado a R$ 5,4926.
Na Bolsa de Nova York, o American Depositary Receipts (ADR) da Petrobrás, recibos de ações negociadas por lá, despencava mais de 16% no pré-mercado.
Pelo menos seis bancos e casas de investimento cortaram a recomendação dos papéis da Petrobrás - XP, Guide, Safra, BTG Pactual, Credit Suisse e Bradesco BBI -, apontando os riscos à política de preços da empresa pode com a mudança na presidência e também a nebulosidade que isso traz para outras iniciativas da empresa, como a venda de ativos não essenciais e a alocação de capital no pré-sal, considerado mais rentável.
Ainda no fim de semana, a XP rebaixou a recomendação das ações da Petrobrás para "venda", de "neutro" anteriormente. Também revisou o preço-alvo do papel de R$ 32 para R$ 24.
No Safra, o preço-alvo para as ações passou de R$ 40 para R$ 29,50. "O principal motivo é a incerteza trazida pela maior interferência do governo na empresa, em vez de uma opinião negativa sobre o Luna. Esperamos mais volatilidade no preço das ações e limite de valorização no curto prazo", escreveram os analistas Conrado Vegner e Victor Chen.
Para o BTG Pactual, "o controle de preços dos combustíveis em meio ao aumento do petróleo é a razão óbvia para se preocupar, mas pode nem ser a principal". "Com o ano eleitoral se aproximando, nossa principal preocupação fica com o que o novo CEO e sua nova diretoria implicam para a alocação de capital e, mais importante, o fluxo de dividendos; e a venda de ativos não essenciais, principalmente a venda de refinarias e seus preços, com compradores agora podendo retirar propostas ou oferecer um tíquete muito menor", diz o relatório assinado pelos analistas Thiago Duarte, Pedro Soares e Daniel Guardiola.
Para membros do conselho de administração da Petrobrás, que têm reunião marcada para terça-feira, 23, a mudança no comando da empresa é vista como inevitável. Alguns conselheiros da estatal estudam votar pela recondução do presidente Roberto Castello Branco, mas o estatuto dá poder à União para fazer a troca.
O mercado também acompanha novas mudanças prometidas por Bolsonaro. No sábado, ele disse que fará trocas no governo envolvendo o primeiro escalão. "Eu não tenho medo de mudar, não. Semana que vem deve ter mais mudança aí para... E mudança comigo não é de bagrinho, não, é tubarão", disse a apoiadores. "Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também", completou.
No Estadão
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