Oba! Temos finalmente um tribuno da plebe no poder. Na sua live desta quinta, Jair Bolsonaro botou pra quebrar. Anunciou fim de impostos federais no diesel e no gás de cozinha — afinal, um presidente do povo! —, desceu a língua na Petrobras, ameaçou seu presidente e, como de hábito, se eximiu da responsabilidade de ser governo.
Por que está tão bravo? A Petrobras anunciou nesta quinta o quarto aumento de preço da gasolina na refinaria: 10,2%. No ano, a elevação é de 34,7%. O diesel foi reajustado pela terceira vez: 15,1% — 27,7% no acumulado. E aí o bicho pegou;
Naquela estética que lembra o Cafofo do Osama, vociferou:
"Não posso chamar a atenção da Agência Nacional de Petróleo porque é independente, mas tem atribuição também. Não faz nada. Você vai em cima da Petrobras, ela fala 'opa, não é obrigação minha'. Ou como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, né, 'eu não tenho nada a ver com caminhoneiro, eu aumento o preço aqui, não tenho nada a ver com caminhoneiro'. Foi o que ele falou, o presidente da Petrobras. Isso vai ter uma consequência, obviamente".
Seria o anúncio da demissão de Roberto Castello Branco, presidente da empresa e um "guedista" de quatro costados?
Mas vem mais:
"Teve um aumento, no meu entender, aqui, eu vou criticar, um aumento fora da curva da Petrobras. 10% hoje na gasolina e 15% no diesel. É o quarto reajuste do ano. A bronca vem sempre para cima de mim, só que a Petrobras tem autonomia".
Ele não quer é bronca da sua turma. O preço dos combustíveis obedece às oscilações do petróleo no mercado internacional. Voltou a subir em razão da retomada, ainda que discreta, da economia mundial. A tendência segue de aumento. E então vieram anúncios que custarão quse R$ 5 bilhões aos cofres públicos. Disse:
"O que é que foi decidido hoje? não haverá qualquer imposto federal no diesel por dois meses. Então, por dois meses, não haverá qualquer imposto federal em cima do diesel. Por que por dois meses? Porque, nestes dois meses, nós vamos estudar uma maneira definitiva de buscar zerar este imposto no diesel. Até para ajudar a contrabalancear este aumento, no meu entender, excessivo da Petrobras".
E falou sobre o gás de cozinha:
"Hoje à tarde, reunido com a equipe econômica, tendo à frente o ministro Paulo Guedes, decisão nossa. A partir de 1º de março agora, não haverá mais qualquer tributo federal no gás de cozinha, ad aeternum."
Disse ele ter falado com a equipe econômica sobre o gás ao menos.
Vamos lá. Segundo as contas de Carlos Alberto Sardenberg, no Jornal da Globo, o corte temporário de impostos federais no diesel custará uma queda de arrecadação de R$ 3,5 bilhões; no gás, de R$ 1,2 bilhão.
Os tributos federais no segundo produto são baixos: apenas 3%; no primeiro, bem maiores, mas ainda pequenos: 8%. Para o consumidor, muda pouco. Para o caixa combalido do governo, é muito dinheiro. Mais: para abrir mão dessa arrecadação, ele terá de dizer de onde vem a compensação. Não se sabe. É claro que está fazendo pressão sobre os governadores.
Não deixa de ser curioso. O governo está tentando descobrir de onde tira o dinheiro para pagar o auxílio emergencial. Em dois minutos, o presidente abriu mão de R$ 4,7 bilhões de arrecadação.
E ainda prometeu alguma forma de intervenção na Petrobras.
Por Reinaldo Azevedo
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