A proliferação de novas linhagens de Jair Bolsonaro cresce na proporção direta da queda da credibilidade sanitária do presidente. O brasileiro é cada vez mais incapaz de reconhecer a capacidade do governo de vacinar adequadamente a população. E o governo é incapaz de demonstrá-la.
Espremido por governadores e prefeitos, todos às voltas com a falta de vacinas, o general Eduardo Pazuello dá explicações como a bananeira dá bananas. Bolsonaro prefere dar desculpas. Passou a dizer que tem "um cheque de R$ 20 bilhões para comprar vacina. Não tem culpa se falta vacinas "no mundo todo".
Essa penúltima variante de Bolsonaro ignora o que disseram as linhagens anteriores. No final de dezembro, o brasileiro foi apresentado a três mutações do presidente em 72 horas.
Num sábado, Bolsonaro deu de ombros para o avanço da vacinação contra Covid no exterior. "Eu não dou bola pra isso." No domingo, disse o oposto: "Temos pressa em obter uma vacina segura, eficaz e com qualidade..." Na segunda, culpou os fabricantes de vacina pelo desabastecimento nacional.
"O Brasil tem 210 milhões de habitantes. Um mercado consumidor, de qualquer coisa, enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para a gente? Por que eles, então, não apresentam documentação na Anvisa? Pessoal diz que tenho que... Não, não. Quem quer vender... Se eu sou vendedor, eu quero apresentar."
O mercado se pauta pela lei da oferta e da procura, não pelas medidas provisórias de Bolsonaro. O mundo fez fila na porta dos laboratórios. Bolsonaro fez cloroquina. Países que chegaram primeiro dispõem de mais vacinas. O Brasil, que dormiu no ponto, tem mais variantes de Bolsonaro do que linhagens do coronavírus.
Por Josias de Souza
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