Domingo, logo muito cedo, um calor intenso, mal consigo respirar mesmo com o ar circulando entre as janelas abertas. O ventilador faz um barulho de um enxame de vespas e movimenta o ar, mas pouco faz para temperatura ficar suportável.
Nos jornais leio que o Cuca, técnico do Santos, foi o responsável por perder o jogo. Penso então que deu empate, ele também foi responsável pelo time estar na disputa.
Perdemos, lamentamos pelo azar, que foi o único culpado.
Também leio notícias sobre as eleições que ocorrerão amanhã no congresso. A vergonha me impede de ler a notícia inteira.
Vergonha de ser brasileiro, de ter aqui nascido, de saber um pouco do que ocorre na política. Vergonha por não ser alienado politicamente.
Vergonha de ver os deputados se colocando na prateleira com uma etiqueta de preço no pescoço.
Se vendem por um preço tão vil, que só os desonrados merecem e só um outro mais desonrado paga.
O governo, que foi eleito com a promessa de mudança, não esperou dois anos para esquecer as suas indignações de campanha e usar dos nossos impostos para colocar no balcão o valor pedido. Nota sobre nota, quando não um cheque assinado, com o valor em branco.
O ano começa agora, sem Carnaval e com um crescente número de mortes causadas pelo vírus, pela falta de competência e pela negligência imoral do governo e também pela não menos irresponsável conveniência da população.
Fora a temperatura infernal, não passa de um domingo como os outros que passaram e os que ainda virão. Patinamos no mesmo lugar, passam os dias, semanas, meses, anos e décadas e a nossa vergonha continua inabalável.
Alguns arriscam a dizer que agora, com a nova direção do congresso, o governo vai conseguir governar. Mal informados, compraram a informação vendida no WhatsApp, de que o congresso amarrava o governo, quando na verdade é o governo que se acorrenta na sua própria mediocridade.
É triste a vergonha que sinto.
Maior que este o calor sufocante.
Se ao menos ontem eu pudesse ter gritado: é campeão!!!
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