sábado, 15 de abril de 2023

PL e aliados traçam plano para 'day after' da inelegibilidade de Bolsonaro



Num sinal eloquente de que esperam por um desfecho adverso do julgamento em que o Tribunal Superior Eleitoral deve impor um jejum eleitoral de oito anos a Bolsonaro, aliados e dirigentes do Partido Liberal organizam o "day after" da provável inelegibilidade. O plano prevê três fases.

Numa, Bolsonaro será retratado como vítima de uma "injustiça". O figurino de "perseguido" será apresentado em discursos e num recurso ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão da Justiça Eleitoral. Noutra fase, espera-se que Bolsonaro faça jus ao salário que passou a receber do PL, atuando como cabo eleitoral da legenda nas eleições municipais de 2024.

Imagina-se que a exposição de Bolsonaro nas disputas municipais o manterá politicamente ativo, facilitando a execução da terceira fase da estratégia, voltada para 2026. Parte do pressuposto de que o capitão chegará à próxima sucessão ainda como único líder popular da direita.

Pesquisa feita por encomenda do PL mostra que o exílio de três meses na Flórida e o escândalo das joias sauditas impuseram prejuízo ínfimo à imagem de Bolsonaro -uma queda dentro da margem de erro da sondagem. Daí a decisão de pegar em lanças para tentar reaver os seus direitos políticos caso se confirme no TSE a suspensão por oito anos. Ainda que o esforço judicial fracasse, como parece provável, acredita-se que Bolsonaro conseguiria transferir votos em 2026 para um candidato de sua predileção.

Afora a crença na tese segundo a qual a liderança de Bolsonaro é inoxidável, os planos do PL esbarram noutra peculiaridade: o êxito da estratégia depende do insucesso de todos os outros atores. Para que Bolsonaro se mantenha politicamente tinindo até 2026, será necessário, por exemplo, que Lula 3 seja um fiasco. Ou que Tarcísio de Freitas, visto no momento como principal opção da direita, faça uma gestão tão ruim no governo de São Paulo que não consiga ganhar luz própria.

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