terça-feira, 25 de abril de 2023

Disputa pela relatoria da CPI do 8/1 faz escala em Alagoas: Lira X Renan



A cortina da CPI ainda não abriu. Mas já se ouve da plateia o ruído abafado das arrumações nos bastidores. A movimentação dos atores à procura de suas marcas no palco não oferece bom prenúncio sobre a qualidade do espetáculo. No momento, a disputa pela posição de relator faz uma escala em Alagoas. De um lado, Arthur Lira. Do outro, Renan Calheiros. A relatoria é considerada a posição mais importante da comissão, pois seu ocupante atua como espécie de narrador da investigação. Tem preferência na hora das inquirições e redige o relatório no final.

Lira quer acomodar na relatoria um deputado de nome pitoresco: André Fufuca. Ele lidera a bancada federal do PP, o partido do imperador da Câmara. Uma legenda que até ontem estava fechada com Bolsonaro. O senador Renan reivindica para si mesmo o posto de relator. Dispõe da simpatia do Planalto. A escolha do presidente da CPI depende do desfecho da rinha alagoana. Como a comissão é mista, se o relator for um deputado, o presidente tende a ser um senador. E vice-versa.

O PL de Bolsonaro também ambiciona uma das duas posições. Oferece o nome do deputado Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin na gestão Bolsonaro. O governo age para evitar. Insatisfeito com tudo, Lira mede forças com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para influir também na escolha do presidente da CPI mista. Líder do União Brasil e parceiro de articulação de Lira, Elmar Nascimento coloca na fila como nome alternativo o correligionário Athur Maia.

Como dois espetáculos não cabem no mesmo palco, a proposta sobre a nova regra fiscal, prioridade econômica do governo, vai sendo gradativamente empurrada para segundo plano. Os parlamentares enxergam na CPI uma boa perspectiva de negócio. Já se ouve ao fundo o tilintar de verbas.

Notícia da Folha informa que o Planalto decidiu acelerar o repasse de verbas aos congressistas para comprar lealdade. Na peça da CPI, Lula faz um papel semelhante ao de Ricardo 3º, o rei shakespeariano que que, vendo-se a pé e cercado por inimigos, gritou: "Meu Reino por um cavalo." Foi um precursor da barganha política. A diferença está no preço, que aumentou. E na qualidade do espetáculo, que piorou muito.

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