quinta-feira, 13 de abril de 2023

Coragem de general fugiu durante o depoimento


General de Divisão Gustavo Henrique Dutra de Menezes era o então Comandante Militar do Planalto e foi substituído nesta quinta-feira Imagem: Divulgação/Exército Brasileiro

Ao depor à Polícia Federal no inquérito sobre os atos golpistas, o general Gustavo Dutra exibiu uma modalidade de coragem que se imaginava inexistente entre os militares —uma coragem do tipo que foge no momento em que o dono mais precisa dela. A valentia do general revelou-se uma qualidade fugidia especialmente em duas passagens do seu depoimento.

O general Dutra ocupava a honrosa função de Comandante Militar do Planalto no fatídico 8 de janeiro. Depois do quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes, acionou três blindados para impedir que a PM executasse a ordem de prender em flagrante os golpistas escondidos no acampamento defronte do QG do Exército. Inquirido a respeito, disse que Lula avalizou o adiamento das prisões para a manhã do dia 9.

Ao arrastar Lula para dentro do processo, o general tentou obter um escudo. Não se deu conta de que atirava contra o próprio pé. O presidente concordou com a protelação diante do argumento do então comandante de que a invasão noturna do acampamento derramaria sangue e produziria mortes. Uma tese que desmonta a versão segundo a qual o Exército tolerava o golpismo na sua porta porque o acampamento reunia patriotas ordeiros.

No segundo momento em que a coragem lhe fugiu, o general respondeu que não mandou desarmar as barracas dos golpistas nos dois meses de duração do acampamento porque não recebeu nenhuma ordem judicial. Disse que poderia ser acusado de abuso de autoridade se coibisse a manifestação. Alegou, de resto, que estava submetido a uma cadeia de comando. É como se o general Dutra, impedido de apagar a luz que ilumina o processo, procurasse cúmplices escondidos no claro.

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