quarta-feira, 5 de abril de 2023

Além de não procurar, Procuradoria faz a 'desdenúncia' de crimes já achados



Pela segunda vez, a Procuradoria-Geral da República desdisse a si mesma para livrar Arthur Lira da guilhotina. Em ofício assinado pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, braço direito do antiprocurador Augusto Aras, a PGR pediu ao Supremo que arquive uma denúncia que apresentou em 2012.

Na peça agora desprezada, a PGR havia acusado Lira de receber propina de R$ 106 mil para manter no cargo de presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos o apadrinhado Francisco Carlos Cabalero Colombo. Na época, um assessor de Lira foi preso em São Paulo com o dinheiro da propina escondido nos bolsos do paletó, na cintura e nas meias.

A denúncia foi acatada pelo Supremo em 2019. Um pedido de vista de Dias Toffoli, em 2020, escondeu o processo na gaveta, de onde sairá agora para o arquivo morto. Para desistir da acusação, Lindôra alega, com 11 anos de atraso, que o processo estava escorado apenas numa delação do doleiro Alberto Yousseff. Conversa mole.

Não é a primeira vez que Lindôra socorre o imperador da Câmara. Em 2020, três meses depois de ter denunciado Arthur Lira sob a acusação de receber R$ 1,6 milhão da construtora Queiroz Galvão, Lindôra voltou atrás. Na denúncia, anotou que a corrupção estava comprovada "para muito além de meras palavras de colaboradores". Decorridos 90 dias, alegou que havia "fragilidade probatória."

Aperfeiçoou-se a anomalia. Além de não procurar, a Procuradoria-Geral passou a 'desdenúnciar' os crimes já encontrados. Tudo isso na frente das crianças, sem que nada aconteça.

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