É bonito o surto de empatia que a morte de Olavo de Carvalho ateou na família Bolsonaro. O presidente e seus filhos trataram o morto com admiração, respeito e compostura. Até luto oficial Bolsonaro decretou. Foi como se pai e filhos estivessem completamente fora de si. Agora, só falta democratizar o luto.
Estalando de empatia, Carlos e Eduardo Bolsonaro ficaram abespinhados com o tratamento que a morte de Olavo recebeu nas redes sociais.
Os irmãos enxergaram em algumas postagens uma abordagem à moda, digamos, Bolsonaro —com deboche, achincalhe, ódio e até perseguição.
Eduardo mencionou a intenção de exigir providências administrativas à Câmara, porque um perfil oficial da Casa curtiu tuíte que o Zero Três considerou ofensivo ao seu mentor ideológico.Descobriu-se, finalmente, que a família Bolsonaro não é isenta de empatia. Agora, só falta democratizar o luto. A pandemia já matou no Brasil mais de 624 mil pessoas. Além de não enxergar um corresponsável no espelho, o presidente não fez aos mortos e aos seus familiares a concessão de um espanto. Ao contrário.
Quando os mortos da Covid eram contados em mil, Bolsonaro falou em "gripezinha". Quando os cadáveres somavam 5 mil, queixou-se da "histeria". Quando lhe perguntaram sobre os 10 mil corpos, disse: "Não sou coveiro".
Na marca de 20 mil sepulturas, perguntou: "E daí?". Aos 30 mil mortos, declarou que "todo mundo morre um dia". No recorde de 40 mil, Bolsonaro fez um convite aos seus devotos: "Invadam hospitais e filmem leitos vazios".
Ainda hoje há no Ministério da Saúde um admirador de Olavo de Carvalho que anota em documento oficial que a cloroquina é eficaz no combate à Covid, a vacina não.
Ah, que país extraordinário seria o Brasil de Bolsonaro se o presidente e sua prole tratassem os brasileiros com o mesmo respeito que devotam ao cadáver amigo.
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