segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Brasil morre sob Bolsonaro, e não vai para o céu



Bolsonaro virou uma pessoa invariável. Sempre corresponde aos que não têm nenhum motivo para confiar nele. A notícia de que o presidente cogita preencher uma vaga que será aberta na diretoria da Anvisa em junho com a indicação de um médico negacionista tem um lado positivo. Indica que o índice de insanidade de Bolsonaro não aumentou. Continua nos mesmos 100%.

O lado ruim é a confirmação de que o Brasil virou mesmo um hospício dirigido pelos malucos. O preferido de Bolsonaro para a vaga na agência incumbida de aprovar remédios e vacinas é o médico Hélio Angotti. Exerce no momento a chefia da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Sua última decisão relevante foi tomada na sexta-feira.

Angotti enviou à lata de lixo uma diretriz elaborada por médicos e cientistas. Coisa aprovada pela Conitec, comissão ligada à pasta da Saúde. Invalidou-se um trabalho técnico que atesta, com dois anos de atraso, que medicamentos como a hidroxicloroquina são inúteis no tratamento da Covid.

Na nota em que formalizou sua decisão, Hélio Angotti sustentou que hidroxicloroquina e remédios assemelhados são eficazes para tratar a Covid. Acrescentou que a vacina não tem eficácia comprovada no combate ao coronavírus.

A essa altura da crise sanitária, a presença de um personagem assim, tão alucinado, numa secretaria da pasta da Saúde é um atentado à sanidade pública. Mas a presença da maluquice no terceiro escalão do governo se torna banal quando se recorda que acima do secretário negacionista há o ex-médico Queiroga e Bolsonaro, um presidente sem comprovação científica.

Nesse ambiente, a mera cogitação de enfiar o negacionismo de Angotti dentro dos quadros da Anvisa é a confirmação de que Bolsonaro não sofre de insanidade. Ele aproveita cada segundo dela. Tomado pela incapacidade de reação, o Brasil morre aos poucos. E não vai para o céu.

Por Josias de Souza

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