A Amazônia registrou o maior índice de desmatamento em dez anos. De janeiro a dezembro, a floresta perdeu 10.362 km² de mata nativa. Isso equivale a metade do território de Sergipe.
Os números foram divulgados na segunda-feira pelo Imazon. No mesmo dia, Jair Bolsonaro comemorou a redução de 80% nas multas aplicadas pelo Ibama. “Paramos de ter grandes problemas com a questão ambiental”, festejou.
O presidente transformou a devastação em política de governo. Trata a fiscalização como problema e a derrubada de árvores como solução. Sua cumplicidade com o crime ambiental é explícita. Grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais sabem que têm um aliado no Planalto.
A certeza da impunidade eleva a ousadia dos desmatadores. No ano passado, quase metade (47%) da destruição ocorreu em terras da União, mostram as imagens de satélite.
O estrago se estende às unidades de conservação, que deveriam ser preservadas como santuários verdes. Nelas a área devastada aumentou 140% na comparação entre 2018 e 2021. Prova de que o desmanche do Ibama se repete no ICMBio, responsável pela proteção das reservas federais.
No discurso de segunda, Bolsonaro fez elogios a Ricardo Salles, responsável por implementar sua política antiambiental. O ex-ministro deixou o governo na mira da polícia, sob suspeita de envolvimento com contrabandistas de madeira. Agora quer se eleger deputado para reaver as mordomias e o foro privilegiado.
Seu substituto, Joaquim Leite, pilota a mesma agenda com menos espalhafato. Nesta semana, o ministro publicou artigo em que defende um certo “ambientalismo de resultados”. Sem apresentar fatos ou dados, escreveu que o governo “fortaleceu o combate a incêndios e desmatamento ilegal”. Faltou explicar por que a destruição da floresta continua a aumentar.
Ambientalistas alertam que a devastação da Amazônia está mudando o regime de chuvas, o que tem causado prejuízos bilionários ao agronegócio. Mesmo assim, grande parte do setor insiste em aplaudir o capitão.
Bolsonaro já declarou que está no poder para destruir, não para construir. Na Amazônia, o projeto é seguido ao pé da letra. E pode ter consequências irreversíveis para o clima, a economia e a vida humana.
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