sábado, 29 de janeiro de 2022

Aversão oficial à vacina comprova que os governos também podem enlouquecer



A cruzada antivacina que mobiliza a administração Bolsonaro tornou-se uma evidência de que governos também ficam loucos. Os sinais de demência invadem o noticiário como enxurrada em dia de temporal.

A ministra Damares Alves, que se diz cristã e tem a atribuição de zelar pelos Direitos Humanos, colocou o Disque 100, canal de coleta de denúncias, a serviço da demência. A linha foi aberta para quem quiser "denunciar" violações como a exigência de comprovantes de imunização ou a vacinação de crianças na marra.

Simultaneamente, o ministro Marcelo Queiroga, supostamente responsável pela Saúde pública, negou pedido de secretários estaduais e municipais do setor para revogar imediatamente parecer do ministério pró-cloroquina.

Mais: Na quarta-feira, ao anunciar o envio de novas doses de vacinas pediátricas aos estados, a pasta da Saúde recomendou aos pais que procurem a recomendação de um médico antes da vacinação.

Pior: No início da semana, o site da Saúde divulgou nota para sustentar que a vacina contra covid não é obrigatória. Escorou a tese numa esperteza: a vacina contra covid não foi incluída no PNI (Programa Nacional de Imunizações). Consta apenas do PNO (Plano Nacional de Operacionalização da vacinação).

Os movimentos podem ser resumidos com duas palavras: sabotagem e crime. O governo retarda a compra de vacinas. Obrigado a adquirir os imunizantes, puxa o freio de mão. Distribui em conta-gotas. E cria uma rede institucional de para produzir entraves, falsas exigências e desinformação.

A conspiração instila dúvidas num momento em que o número de crianças internadas em UTIs cresceu 94%. Junto com a infecção, cresce a impunidade dos sabotadores, a começar por Bolsonaro. Ninguém mais fala nos crimes em série levantados pela CPI da Covid.

Por Josias de Souza

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