quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Ameaça de greve de servidores é mais uma bagunça organizada por Bolsonaro



Num movimento puxado pela elite do funcionalismo público, cerca de 40 categorias de servidores levam os lábios ao trombone por reajustes salariais de até 28%. Ignoradas, as corporações ameaçam fazer greve em fevereiro. Seria um erro chamar essa encrenca de uma reivindicação salarial. O nome correto do fenômeno é bagunça.

No instante em que Bolsonaro acenou com a possibilidade de conceder reajustes a todo o funcionalismo, não havia ebulição sindical no serviço público. Os servidores estão sem aumentos há mais de três anos. Mas mantiveram os seus empregos e não sofreram redução nominal dos contracheques durante a pandemia. Em comparação com os trabalhadores do setor privado são privilegiados.

O presidente da República acendeu o pavio da bagunça quando molhou o paletó para incluir no Orçamento da União quase R$ 2 bilhões destinados a engordar os contracheques de policiais federais. Neste ano de 2022, a vida dos brasileiros é ameaçada pelo risco de recessão, pelo desemprego e pela inflação. Mas Bolsonaro não se considera responsável por nenhuma dessas ruínas. Sempre haverá incautos dispostos a lhe dar crédito. Mas é impossível esconder a identidade de uma bagunça. No caso do funcionalismo ela se chama Jair Bolsonaro.

O investimento público em 2022 será o menor da história. Mas Bolsonaro está prestes a sancionar um orçamento que destina R$ 37 bilhões para emendas de parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões escorrerão por um duto que oculta os nomes dos donos do gasto.

Discute-se a sério, de resto, a hipótese de restabelecer o valor de R$ 5,7 bilhões fixado inicialmente para financiar a campanha eleitoral.

Diante de um orçamento tão equivocado, a reserva de quase R$ 2 bilhões para o aumento dos policiais federais, o mote que inspira a ameaça de greve, é apenas mais uma dessas bagunças organizadas por Bolsonaro para conturbar o país que ele deveria governar.

Por Josias de Souza

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