Num movimento puxado pela elite do funcionalismo público, cerca de 40 categorias de servidores levam os lábios ao trombone por reajustes salariais de até 28%. Ignoradas, as corporações ameaçam fazer greve em fevereiro. Seria um erro chamar essa encrenca de uma reivindicação salarial. O nome correto do fenômeno é bagunça.
No instante em que Bolsonaro acenou com a possibilidade de conceder reajustes a todo o funcionalismo, não havia ebulição sindical no serviço público. Os servidores estão sem aumentos há mais de três anos. Mas mantiveram os seus empregos e não sofreram redução nominal dos contracheques durante a pandemia. Em comparação com os trabalhadores do setor privado são privilegiados.
O presidente da República acendeu o pavio da bagunça quando molhou o paletó para incluir no Orçamento da União quase R$ 2 bilhões destinados a engordar os contracheques de policiais federais. Neste ano de 2022, a vida dos brasileiros é ameaçada pelo risco de recessão, pelo desemprego e pela inflação. Mas Bolsonaro não se considera responsável por nenhuma dessas ruínas. Sempre haverá incautos dispostos a lhe dar crédito. Mas é impossível esconder a identidade de uma bagunça. No caso do funcionalismo ela se chama Jair Bolsonaro.
O investimento público em 2022 será o menor da história. Mas Bolsonaro está prestes a sancionar um orçamento que destina R$ 37 bilhões para emendas de parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões escorrerão por um duto que oculta os nomes dos donos do gasto.
Discute-se a sério, de resto, a hipótese de restabelecer o valor de R$ 5,7 bilhões fixado inicialmente para financiar a campanha eleitoral.
Diante de um orçamento tão equivocado, a reserva de quase R$ 2 bilhões para o aumento dos policiais federais, o mote que inspira a ameaça de greve, é apenas mais uma dessas bagunças organizadas por Bolsonaro para conturbar o país que ele deveria governar.
Por Josias de Souza
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