Munido de decisão judicial que autoriza a nomeação do jornalista Sérgio Camargo para a presidência da Fundação Palmares, Jair Bolsonaro sentenciou: o "garoto", que é uma "excelente pessoa", será reacomodado no cargo: "Ele volta pra lá", declarou o capitão. As declarações de Bolsonaro colocam a primeira pedra no caminho de Regina Duarte.
Vinculada à Secretaria Nacional de Cultura, a Fundação Palmares tem entre os seus objetivos: promover e apoiar a integração cultural, social, econômica e política dos afrodescendentes. Sérgio Camargo foi escolhido para o cargo pelo ex-secretário Roberto Alvim, aquele que foi demitido por flertar com o nazismo.
Camargo tornou-se um caso raro de afrodescente racista. Acha que "não há salvação para o movimento negro. Precisa ser extinto! Fortalecê-lo é fortalecer a esquerda". Espanto! Avalia que "a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes". Estupefação.
Barrada pela Justiça Federal do Ceará, a nomeação de Sérgio Camargo foi autorizada pelo ministro João Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça. O magistrado não avaliou a qualificação do personagem. Apenas concluiu que não há impedimento legal para a nomeação.
No gogó, Regina Duarte já evoluiu do "namoro" para o "casamento" político com Bolsonaro. Mas ainda não assumiu o cargo de secretária da Cultura. No momento, a atriz é assediada por dois desafios: apresentar um plano de trabalho e compor uma equipe. A manutenção de Sérgio Camargo na folha orna com a aparência de sanatório que a Secretaria de Cultura ganhou sob Bolsonaro.
É como se o presidente quisesse podar as asas de sua "namorada" antes que ela se anime a voar: "O que acontece com a Regina Duarte?", indagou Bolsonaro, antes de responder: "Com todos os ministros, eles podem indicar e eu tenho poder de veto. Acontece com todo mundo. Eu acho que o garoto, que foi liberado ontem, é uma excelente pessoa."
O ruim é que Bolsonaro desmoraliza Regina Duarte antes que ela verifique os parafusos da cadeira que irá ocupar. O pior é que ela parece disposta a aceitar: "Decisão judicial, cumpre-se", afirmou, em timbre de resignação. Não podendo elevar sua estatura na nova função, a "namoradinha" do Brasil rebaixa o pé-direito do seu futuro gabinete.
Por Josias de Souza
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