O reflexo dos efeitos macroeconômicas no bolso dos trabalhadores e dos consumidores dita eleições e posicionamentos. O mais recente reflexo disso é a guinada dos caminhoneiros em relação a fazer pressão no governo de Jair Bolsonaro. Diversas entidades que representam motoristas de caminhão aderiram ao “estado de greve” no sábado, 16, e afirmaram que vão dar “mais 15 dias” ao que foi chamado de “três anos de desgoverno Bolsonaro” para atender as reivindicações da categoria. Caso elas não sejam atendidas, o porta-voz do movimento afirmou que haverá uma paralisação a partir do dia 1º de novembro.
“[Isso] significa dizer para o governo Bolsonaro que o prazo de três anos que ele teve para […] melhorar a vida do transportador autônomo não foi cumprido. Ainda será dado mais 15 dias para que a pauta de reivindicação que já era de conhecimento há muito tempo do ministro [de Infraestrutura] Tarcísio de Freitas e do governo do Bolsonaro venha para os caminhoneiros”, disse em vídeo Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí-RS.
Dahmer afirmou ainda que a “nova paralisação dos caminhoneiros” conta com a sociedade civil organizada e com 1 milhão de trabalhadores, “em apoio a essa categoria que passa por um momento de dificuldade nunca visto como em três anos de ‘desgoverno’ Bolsonaro”. A decisão e o vídeo foram publicados após reunião no centro do Rio de Janeiro entre a CNTTL, o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava). Participaram ainda os sindicatos que representam os caminhões tanque, como a Associtanque-RJ e o Sinditanque-SP, e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam).
Guinada contra o governo
A decisão mostra uma mudança de posicionamento de algumas entidades que representam a categoria em relação ao governo Bolsonaro. Na semana do dia 7 de setembro, diversos sindicatos de caminhões tanque planejavam ir às ruas para pedir o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, o STF. Conforme apurou VEJA à época, a ideia dos presidentes destes sindicatos era apoiar o presidente no que foi chamado de “guerra política”.
Agora, porém, pressionados pela inflação e pelo alto preço dos combustíveis, estas mesmas entidades aderiram ao movimento de greve contra o presidente sob o argumento de que “ninguém está suportando o preço do óleo diesel e das altas de combustível em geral”. Além da revisão da política de preços da Petrobras, a pauta divulgada pela CNTLL reivindica a “constitucionalidade do Piso Mínimo de Frete, o retorno da Aposentadoria Especial com 25 anos de contribuição ao INSS e a inclusão do desconto do INSS pago pelo caminhoneiro na Lei do Documento de Transporte Eletrônico, a aprovação do novo Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas, o aperfeiçoamentos na proposta do Voto em trânsito no Senado e a melhoria e criação de Pontos de Parada e Descanso”.
Na Veja
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