terça-feira, 19 de outubro de 2021

Bolsonaristas usam morte de Colin Powell para desinformar sobre vacina



Ex-secretário de Estado dos EUA também tratava um mieloma múltiplo, câncer que atinge sistema imunológico

Aliados do presidente Jair Bolsonaro aproveitaram a morte do ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Colin Powell, nesta segunda-feira, 18, para espalhar desinformação sobre a vacinação contra a Covid-19 e confundir seus seguidores sobre os reconhecidos benefícios dos imunizantes contra a doença que já matou mais de 600.000 pessoas no Brasil.

Segundo comunicado da família, Powell morreu por complicações causadas pela Covid-19 e estava completamente imunizado. Acontece que o ex-secretário de Estado também estava se tratando contra um mieloma múltiplo, um tipo de câncer nas que acomete o sistema imunológico — algo que reduz a eficácia das vacinas.

Foi o bastante para que o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), conhecido por minimizar a pandemia, colocar em xeque a eficácia da imunização e defender tratamentos sem eficácia contra a Covid-19, destacasse o fato de Powell ter sido vacinado, ignorando as condições de saúde que concorrem para o surgimento de complicações. “Infelizmente pegou Covid estando totalmente vacinado”, tuitou — repetindo uma pregação semelhante à do ruidoso movimento antivacina dos Estados Unidos.



A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) pegou carona nas dúvidas lançadas pelo colega para pregar contra o passaporte da vacina — que garante a entrada de pessoas em ambientes somente mediante a apresentação do comprovante de imunização — como acontece no Rio de Janeiro para ingresso em locais públicos. “A questão aqui não é a vacina, é a segregação”, afirmou a parlamentar. A medida é reconhecida por especialistas e autoridades de saúde como necessária para conter a disseminação do vírus.

Para ficar num exemplo, a vacinação obrigatória contra certas doenças, como a febre amarela, é, inclusive, requisito para viagens internacionais em países com alto risco de contaminação. No caso da Covid-19, os Estados Unidos vão liberar, a partir de 8 de novembro, a entrada de turistas sob uma condição: terem sido vacinados.


Nenhuma vacina garante imunidade total contra a Covid-19 ou qualquer outra enfermidade, mas é a única alternativa para quem quer evitar a contaminação. Reportagem de VEJA desta semana mostra que, com o aumento do número de doses aplicadas, a vida começa a ser retomada em todo o Brasil — permitindo projetar um cenário de recuperação econômica de diversos setores.

Hoje, quase metade dos adultos brasileiros está totalmente imunizada e o índice de transmissão da doença está em queda: na terça-feira 12, a taxa chegou ao menor patamar desde o primeiro caso por aqui: 0,60. Em abril de 2020, ele havia batido em 2,81. A vacina, afinal, funciona.

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