sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Terraplanismo musical




Foram precisos 50 anos e um cérebro iluminado por Olavo de Carvalho para que fosse denunciada a conspiração macabra contra os valores familiares, urdida pela CIA em Woodstock. Para sabotar, a CIA teria distribuído LSD para o público no festival.

Só se fossem falsos, para dar bad trip . Nesse tempo não se comprava ou vendia LSD, hippies os produziam aos milhões em fazendas e laboratórios comunitários, os custos de produção eram mínimos, e os ácidos eram dados de graça: por uma causa, uma revolução, para enlouquecer o mundo que estava muito careta.

O rock induz às drogas, ao sexo, ao aborto e ao satanismo. Todas as músicas dos Beatles foram escritas pelo filósofo alemão Theodor Adorno para implantar o comunismo no Ocidente. É o “rock do branquelo doido” do novo presidente da Funarte, fundada para estimular e divulgar a arte, como o próprio nome diz.

Além de teatro, o secretário de Cultura, que Bolsonaro chama de “esse tal de Roberto Alvim”, entende de drogas, passou boa parte da vida como um “tamanduá humano” por sua capacidade de aspiração de cocaína. Sempre foi autor e diretor de talento, mas sempre mamou em verbas públicas para suas montagens teatrais. Como o “Leite derramado”, de Chico Buarque. Ficou doente. Encontrou Jesus. Abandonou as drogas, renunciou a satanás e aderiu a Bolsonaro, de quem se tornou baba-ovo oficial, e o maior inimigo do “marxismo cultural” brasileiro. Feitos um para o outro.

O público aguarda ansioso pelas produções do “exército de artistas de direita” alimentado com verbas oficiais que o secretário promete. O que terão eles de importante a dizer? Será que artistas de direita sabem fazer comédia, divertir o público? É difícil. Para fazer humor, é preciso saber rir de si mesmo. Triste é quando o drama é visto como comédia.

Por Nelson Motta

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