sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Demitido por Bolsonaro, Ricardo Galvão é eleito ‘cientista do ano’


Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe

“É necessário reagir com contundência. Fiz isso, mesmo sabendo que assim seria exonerado do INPE — o que ocorreu. Valeu a pena, pelo objetivo de defender a ciência perante o obscurantismo e o autoritarismo que caracterizam o círculo próximo ao presidente — a exemplo de ministros indicados por Olavo de Carvalho, que chega a questionar até o fato de que a Terra é redonda”, escreveu Ricardo Galvão em um artigo publicado em VEJA, em agosto. Na ocasião, o físico descreveu os bastidores de como procedeu ao receber os dados que indicavam o avanço na destruição da floresta amazônica, e sobre os embates com o presidente Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O reconhecimento do seu posicionamento, por assim dizer, foi anunciado nesta sexta-feira 13, pela revista científica Nature. O ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (o Inpe) Ricardo Galvão é um dos dez especialistas escolhidos pela publicação, referência da área, para o “Nature’s 10”, premiação anual que prestigia os destaques na ciência.

A exoneração de Galvão, ocorrida em agosto, causou forte repercussão na comunidade científica brasileira e internacional. Na ocasião, Bolsonaro sugeriu que o cientista poderia “estar a serviço de alguma ONG” e questionou os dados divulgados pelo Inpe, que apontaram uma considerável aceleração do desmatamento na Amazônia no mês anterior. Seu substituto, o oficial da Aeronáutica Darcton Policarpo Damião disse, ao assumir o cargo, que o aquecimento global “não era sua praia”.

A indicação vem em tempo da 25ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), em Madri, onde os índices de desmatamento anunciados pelo Inpe pesaram contra o tradicional protagonismo que o Brasil exercia nas negociações em torno do tema.

Na Veja.com

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