O senador Flávio Bolsonaro divulgou nas redes sociais um vídeo sobre o escândalo da "rachadona". Pretendia se defender de acusações feitas pelo Ministério Público. Mas a defesa, por inconsistente, não foi o ponto alto do vídeo. O ponto alto foi a tentativa de plágio. Mimetizando Lula, o primogênito de Jair Bolsonaro atribuiu as investigações que o encrencam a uma grande conspiração.
"É muito claro pra mim que há uma perseguição absurda no Rio de Janeiro, porque querem me atingir para atingir o presidente da República", disse o Zero Um a certa altura. "Há, sim, um conluio de várias pessoas poderosas para —dia sim, dia também — atacar o presidente da República, causar uma instabilidade e tentar tirá-lo na força", repetiu Flávio noutro trecho.
Ironicamente, o filho recorreu ao pai horas depois de ter sido, por assim dizer, abandonado por ele. "O Brasil é muito maior do que pequenos problemas", dissera o presidente aos repórteres, defronte do portão do Alvorada. "Eu falo por mim. Problemas meus podem perguntar que eu respondo. Dos outros, não tenho nada a ver com isso".
Numa evidência de que quem sai aos seus não endireita, Flávio também tentou tomar distância do faz-tudo Fabrício Queiroz. Pronunciou uma versão bolsonarista da tese do "eu não sabia". Declarou: "O próprio Queiroz já botou no papel que eu não tenho nada a ver com o que ele fez ou deixou de fazer. Mas isso o Ministério Público não vaza."
A exemplo de Lula, Flávio escorou sua defesa numa tese cujo sucesso depende da disposição da plateia de se fazer de boba. É preciso aceitar a versão segundo a qual o filho mais velho do inquilino do Planalto não é o jovem inteligente que muitos supunham. Em verdade, é um sujeito que trata a si mesmo como um cego atoleimado. Além do inquérito do MP, pode ser processado por plágio.
Por Josias de Souza
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