Formou-se no interior do governo uma torcida pela demissão do ministro Abraham Weintraub, da Educação. Mas a ficha de Jair Bolsonaro ainda não caiu. De acordo com um auxiliar do presidente, três coisas seguram Weintraub no cargo: 1) A hesitação de Bolsonaro; 2) A ausência de um substituto; e 3) A resistência do presidente de tomar decisões sob pressão do noticiário.
Bolsonaro elegeu-se presidente da República com um discurso conservador. Sabia-se que nomearia uma equipe conservadora. Mas o capitão entregou pedaços do seu governo ao atraso. A opção preferencial pelo arcaísmo é ainda mais nítida nas áreas da cultura e da educação, dominados por apadrinhados do polemista Olavo de Carvalho.
No Ministério da Educação, o olavista Weintraub apaixonou-se pelo caos. E vem sendo totalmente correspondido. É crescente o desconforto dentro do governo com o estilo do personagem, que oscila entre o folclórico-cômico e o ideológico-raivoso.
Os parafusos da cadeira de Weintraub estão frouxos. Mas o ministro comporta-se como se dispusesse de estabilidade no emprego. Reagiu ao noticiário sobre sua fragilidade com soberba e ira.
O ministro anotou no Twitter: "Diante dos resultados positivos que começam a aparecer e de minha total intransigência com o errado e o malfeito, esquerda e monopolistas entram em desespero. A mídia podre defende tais interesses e espalha mentiras. O ladrar desses cães é prova que estou no caminho certo."
Os antecedentes do governo na área educacional recomendam cautela. Antes de Weintraub, passou pela pasta uma piada colombiana: Ricardo Velez Rodrígues, outro súdito de Olavo de Carvalho.
Assim, antes de soltar fogos, seria necessário conhecer o nome do próximo olavista a ser nomeado para o ministério. A insistência de Bolsonaro em manter uma parte do governo acorrentada ao arcaísmo estimula a suspeita de que a própria Presidência da República pertença à cota olavista.
Por Josias de Souza
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