segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Partidos preveem explosão do caixa 2 em 2020


 Imagem Pixabay

O Ministério Público terá muito trabalho nas eleições municipais de 2020. Dirigentes partidários estimam que haverá mais de 500 mil candidatos a prefeito e vereador. Sustentam que os R$ 2 bilhões destinados ao financiamento das campanhas, ainda pendentes da sanção de Jair Bolsonaro, serão insuficientes para bancar todas as candidaturas. Preveem uma explosão do caixa dois.

Dá-se de barato que muitos candidatos não receberão um mísero tostão dos partidos. Nas eleições gerais de 2018, destinou-se R$ 1,7 bilhão em verbas públicas para a campanha de pouco mais de 28 mil candidatos a deputado federal, senador, governador e presidente da República. Nem todos os candidatos a deputado receberam recursos do partido. Recolheram verbas apenas por baixo da mesa.

Deputados federais pedem agora para dar a palavra final na hora do rateio da verba. Apresentam uma razão mercantil. Argumentam que, a exemplo do que ocorre com o fundo partidário, a divisão do fundo eleitoral é feita com base na quantidade de deputados na Câmara —quanto maior a bancada, mais dinheiro o partido recebe.

Os deputados alegam ter mais condições para selecionar os candidatos a vereador e prefeito com maiores chances de se eleger. Com sorte, os parlamentares potencializam as bases eleitorais que garantirão suas próprias reeleições em 2022. Com muita sorte, elegem bancadas maiores na Câmara, aumentando a fatia a ser recebida dos fundos eleitoral e partidário.

As doações eleitorais de empresas foram proibidas pelo Supremo Tribunal Federal em 2015. Hoje, você paga as campanhas e eles decidem quem irá receber a verba. Eles quem? Os donos dos partidos. Gente como Valdemar Costa Neto (PR), Roberto Jefferson (PTB), Carlos Lupi (PDT), Luciano Bivar (PSL)... Os deputados querem ser ouvidos.

Todos os petistas pilhados no mensalão alegaram que não manusearam senão verbas de caixa dois. Fizeram isso porque crime eleitoral não leva ninguém para a cadeia. Deu errado. Políticos apanhados com as mãos na botija do petrolão ensaiaram o mesmo lero-lero do caixa dois. Na maioria dos casos, detalhes grotescos revelaram que o roubo produziu enriquecimento ilícito. Vem aí mais uma rodada do mesmo flagelo.

Por Josias de Souza

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