quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Os descalabros do TJ-PE. Ou: Vejam a quem Moro quer dar a última palavra



A Folha publica hoje uma reportagem que provoca a tal vergonha alheia em quem lê. O conteúdo é de tal sorte espantoso que mal dá para acreditar no que lá vai. Trata-se de um levantamento dos salários pagos pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. Um dos vencimentos passa de R$ 1,2 milhão. 

Vieram a público reportagens evidenciando que há áreas do Tribunal de Justiça da Bahia — e estamos a falar de dois dos maiores Estados brasileiros — que são, literalmente, caso de polícia.

Vou reproduzir abaixo alguns trechos da reportagem de hoje. Mas quero chamar a atenção de vocês para uma coisa fundamental. 

Quando se defende o trânsito em julgado para as condenações em segunda instância, também se está falando em conceder aos tribunais de justiça do Brasil inteiro a última palavra.

E, por óbvio, haverá de ser nas áreas penal e cível. Qualquer coisa diferente disso, caso se venha mesmo a violar a Constituição, corresponderá a acrescentar ao estupro da Carta a marca da hipocrisia com endereço certo: nem mesmo se estará tentando fazer justiça, ainda que de modo equivocado, mas apenas criando uma estratégia para voltar a encarcerar Lula.

Sem ter a ultimíssima palavra, temos a realidade que se vê. Imaginem quando todos esses patriotas forem donos de votos irrecorríveis. 

Seguem trechos da reportagem. Vejam a quais patriotas Moro e aquele grupo de celerados que se intitula "Muda Senado" quer dar o poder absoluto.


Juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça de Pernambuco receberam rendimentos líquidos em novembro que chegam até a R$ 853 mil. As cifras impressionam. Em um dos casos, a quantia bruta paga pela corte a uma juíza da capital é de R$ 1.298.550,56.

O TJ-PE alega que, de maneira geral, a alta significativa registrada ocorre em razão do pagamento de férias acumuladas. A média dos valores recebidos por 53 desembargadores incluídos na folha de pagamento do mês passado, já com os descontos obrigatórios, é de R$ 206.411. 

Os dados indicam que 25 desembargadores, o que corresponde a 47,1%, receberam acima de R$ 200 mil. Treze, o que representa 24,5% do efetivo, conforme dados públicos do tribunal, ganharam em novembro mais de R$ 300 mil líquidos.

Levando em consideração juízes e desembargadores, dos 699 magistrados na folha de pagamento, 211 deles, o que corresponde a 30,3%, receberam acima de R$ 100 mil. 
(…) 

OS 20 MAIORES RENDIMENTOS LÍQUIDOS EM NOVEMBRO

R$ 853.002,43 
Marylusia Pereira Feitosa de Araújo (juíza da capital) 

R$ 695.742,49 
Fausto de Castro Campos (desembargador) 

R$ 506.709,61 
João José Rocha Targino (juiz lotado na assessoria da presidência)

R$ 487.928,58 
Janduhy Finizola da Cunha Filho (juiz da corregedoria auxiliar extrajudicial) 

R$ 458.128,15 
Demócrito Ramos Reinaldo Filho (desembargador) 

R$ 424.353,76 
Leopoldo de Arruda Raposo (desembargador) 

R$ 421.538,29 
José Ivo de Paula Guimarães (desembargador)

R$ 403.532,10 
Saulo Fabianne de Melo Ferreira (juiz da capital) 

R$ 397.284,69 
Antônio Carlos Alves da Silva (desembargador) 

R$381.698,18 
Fábio Eugênio Dantas de Oliveira Lima (desembargador) 

R$ 374.936,70 
Francisco José dos Anjos B de Mello (desembargador)

R$ 357.744,07 
Bartolomeu Bueno de Freitas Morais (desembargador) 

R$ 347.854,99 
Abner Apolinário da Silva (juiz da 4º Vara do Tribunal do Júri da capital) 

R$ 345.302,66 
Fernando Cerqueira Norberto dos Santos (desembargador) 

R$ 344.652 
Karina Albuquerque Aragão de Amorim (juíza da capital) 

R$ 340.131,91 
Marcos Antionio Tenorio (juiz na cidade de Pesqueira) 

R$ 338.966,99 
Silvio Romero Beltrão (juiz lotado na assessoria especial da presidência)

R$ 338.065,87 
José Fernandes de Lemos (desembargador) 

R$ 337.284,71 
Jovaldo Nunes Gomes (desembargador) 

R$ 331.100,89 
Adalberto de Oliveira Melo (desembargador e presidente do TJ-PE)

Por Reinaldo Azevedo

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