A Folha publica hoje uma reportagem que provoca a tal vergonha alheia em quem lê. O conteúdo é de tal sorte espantoso que mal dá para acreditar no que lá vai. Trata-se de um levantamento dos salários pagos pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. Um dos vencimentos passa de R$ 1,2 milhão.
Vieram a público reportagens evidenciando que há áreas do Tribunal de Justiça da Bahia — e estamos a falar de dois dos maiores Estados brasileiros — que são, literalmente, caso de polícia.
Vou reproduzir abaixo alguns trechos da reportagem de hoje. Mas quero chamar a atenção de vocês para uma coisa fundamental.
Quando se defende o trânsito em julgado para as condenações em segunda instância, também se está falando em conceder aos tribunais de justiça do Brasil inteiro a última palavra.
E, por óbvio, haverá de ser nas áreas penal e cível. Qualquer coisa diferente disso, caso se venha mesmo a violar a Constituição, corresponderá a acrescentar ao estupro da Carta a marca da hipocrisia com endereço certo: nem mesmo se estará tentando fazer justiça, ainda que de modo equivocado, mas apenas criando uma estratégia para voltar a encarcerar Lula.
Sem ter a ultimíssima palavra, temos a realidade que se vê. Imaginem quando todos esses patriotas forem donos de votos irrecorríveis.
Seguem trechos da reportagem. Vejam a quais patriotas Moro e aquele grupo de celerados que se intitula "Muda Senado" quer dar o poder absoluto.
*
Juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça de Pernambuco receberam rendimentos líquidos em novembro que chegam até a R$ 853 mil. As cifras impressionam. Em um dos casos, a quantia bruta paga pela corte a uma juíza da capital é de R$ 1.298.550,56.
O TJ-PE alega que, de maneira geral, a alta significativa registrada ocorre em razão do pagamento de férias acumuladas. A média dos valores recebidos por 53 desembargadores incluídos na folha de pagamento do mês passado, já com os descontos obrigatórios, é de R$ 206.411.
Os dados indicam que 25 desembargadores, o que corresponde a 47,1%, receberam acima de R$ 200 mil. Treze, o que representa 24,5% do efetivo, conforme dados públicos do tribunal, ganharam em novembro mais de R$ 300 mil líquidos.
Levando em consideração juízes e desembargadores, dos 699 magistrados na folha de pagamento, 211 deles, o que corresponde a 30,3%, receberam acima de R$ 100 mil.
(…)
OS 20 MAIORES RENDIMENTOS LÍQUIDOS EM NOVEMBRO
R$ 853.002,43
Marylusia Pereira Feitosa de Araújo (juíza da capital)
R$ 695.742,49
Fausto de Castro Campos (desembargador)
R$ 506.709,61
João José Rocha Targino (juiz lotado na assessoria da presidência)
R$ 487.928,58
Janduhy Finizola da Cunha Filho (juiz da corregedoria auxiliar extrajudicial)
R$ 458.128,15
Demócrito Ramos Reinaldo Filho (desembargador)
R$ 424.353,76
Leopoldo de Arruda Raposo (desembargador)
R$ 421.538,29
José Ivo de Paula Guimarães (desembargador)
R$ 403.532,10
Saulo Fabianne de Melo Ferreira (juiz da capital)
R$ 397.284,69
Antônio Carlos Alves da Silva (desembargador)
R$381.698,18
Fábio Eugênio Dantas de Oliveira Lima (desembargador)
R$ 374.936,70
Francisco José dos Anjos B de Mello (desembargador)
R$ 357.744,07
Bartolomeu Bueno de Freitas Morais (desembargador)
R$ 347.854,99
Abner Apolinário da Silva (juiz da 4º Vara do Tribunal do Júri da capital)
R$ 345.302,66
Fernando Cerqueira Norberto dos Santos (desembargador)
R$ 344.652
Karina Albuquerque Aragão de Amorim (juíza da capital)
R$ 340.131,91
Marcos Antionio Tenorio (juiz na cidade de Pesqueira)
R$ 338.966,99
Silvio Romero Beltrão (juiz lotado na assessoria especial da presidência)
R$ 338.065,87
José Fernandes de Lemos (desembargador)
R$ 337.284,71
Jovaldo Nunes Gomes (desembargador)
R$ 331.100,89
Adalberto de Oliveira Melo (desembargador e presidente do TJ-PE)
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