segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Carnaval de protesto esquenta os tamborins



Pelo menos 8 das 13 escolas do Grupo Especial no Rio de Janeiro levarão para a avenida no próximo ano sambas e enredos com críticas diretas e indiretas ao governo de Jair Bolsonaro, e às suas ideias ou falta delas.

Mangueira e Portela são as que prometem maior atrevimento com referências ao próprio Bolsonaro. Com o enredo “A verdade vos fará livre”, a Mangueira aborda a mania do presidente de usar os dedos das mãos para fingir que atira e cantará a certa altura:

“Favela, pega a visão/Não tem futuro sem partilha/Nem Messias de arma na mão”.

Bolsonaro e o prefeito Marcelo Crivella, do Rio serão os alvos preferidos da Portela com enredo que conta a história dos índios que habitavam o Rio antes da chegada dos portugueses ao Brasil:

“Índio pede paz, mas é de guerra/Nossa aldeia é sem partido ou facção/Não tem bispo, nem se curva a capitão”.

Com o enredo “O conto do Vigário”, a São Clemente atira em todas as direções – nos laranjais do PSL, nos presos da Lava Jato recolhidos ao presídio de Bangu, e no uso das fake news nas eleições do ano passado:

“Brasil, compartilhou, viralizou, nem viu/E o país inteiro assim sambou/Caiu nas fake news”.

Os enredos mais inocentes transmitirão mensagens de luta contra o racismo (Salgueiro) e a intolerância religiosa (Grande Rio). Mocidade Independente de Padre Miguel, com desfile sobre a cantora Elza Soares, e União da Ilha citarão as mazelas sociais.

Outubro, para os cariocas, não tem para mais nada. É a data final para a escolha dos sambas que serão cantados na Marquês de Sapucaí.

Por Ricardo Noblat

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