Não é que o crime não compensa. É que, quando compensa, ele muda de nome. Passa a se chamar Partido Político. Se o mensalão e o petrolão serviram para alguma coisa foi para comprovar que os maiores partidos brasileiros tornaram-se apenas ramificações do crime organizado. E o PSL serve para demonstrar que, se você tiver carisma e disposição para chamar a mesma porcaria de nova política, vai acabar transformando um partido nanico num gigante do Legislativo. Embora continue sendo a mesma porcaria.
O PSL precisa se benzer, pois é grande a urucubaca. Tem um patrono (Jair Bolsonaro) que pede que esqueçam o seu partido. Amanhece com rapazes da PF na casa do seu presidente (Luciano Bivar). E anoitece de mãos dadas com arquirrivais como PT e PCdoB numa obstrução legislativa contra o governo. Coisa comandada por um líder (Delegado Waldir) que deveria zelar pelos interesses do Planalto. No Legislativo, o PSL afasta o líder do governo (Major Vitor Hugo) de uma comissão sobre reforma previdenciária dos militares. No Ministério do Turismo, tolera um filiado tóxico (Marcelo Álvaro Antônio), já indiciado e denunciado. Na Assembleia de São Paulo, o drama de um líder (Gil Diniz) pendurado nas manchetes como adepto da "rachadinha", numa evidência de que o primogênito (Flávio Bolsonaro) fez escola.
Não é de hoje que os nomes dos partidos não dizem nada. Ou, por outra, os partidos praticam o contrário do que dizem os seus nomes. O nome escondido atrás da sigla PSL é Partido Social Liberal. Social não é. Liberal tampouco. Seu liberalismo perdeu-se no modelo patrimonialista de gestão da milionária verba pública do fundo partidário. O PSL poderia se chamar Janete ou Partido Sem Limites. Para os seus propósitos, daria no mesmo. E nada seria capaz de mudar o fato de que o partido do presidente da República entrou num processo irreversível de autocombustão.
Por Josias de Souza
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