quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Advogado do presidente mistura porteiro e Adélio e acusa “forças ocultas”


Frederick Wassef: advogado de Bolsonaro
vê "forças ocultas" contra o presidente

Em entrevista à Folha, Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, vai na mesma linha e aproveita para evocar, mais uma vez, o nome de Adélio Bispo de Oliveira, que desferiu a facada no então candidato do PSL.

Sobre o porteiro, afirmou: 
"Não podemos analisar a gravidade dos fatos ocorridos no dia de ontem [terça-feira] como um engano, um porteiro que simplesmente se enganou e resolveu fazer uma mentirinha boba. O que está em curso é algo muito mais sério, muito mais grave. Isso foi um plano arquitetado. Trata-se de uma engenharia criminosa, onde através de um falso depoimento, de uma pessoa que foi plantada para testemunhar de forma mentirosa, tentar incriminar o presidente Jair Bolsonaro. O objetivo disso é destruir a imagem e a reputação do presidente da República."

Não é conversa de advogado, mas de uma espécie de militante político. Ele não dispõe, não ainda, de elementos para isso. De resto, a Procuradoria Geral da República já havia se encarregado de matar a coisa na raiz. E Wassef sabe disso. Como sabe que o presidente jamais poderia ser investigado sem a anuência do Supremo.

E acrescenta: 
"Temos que buscar é por que o porteiro mentiu. Foi uma coisa da cabeça dele? É um ato isolado? Não foi um ato isolado. Como não foi um fato isolado Adélio Bispo ter enfiado uma faca no corpo de Jair Bolsonaro. Trata-se de organizações criminosas, forças ocultas, pessoas que agem de bastidor para tentar destruir a vida de Bolsonaro."

Aí não dá! Uma coisa é o advogado apontar eventuais crimes cometidos contra seu cliente. Outra, distinta, é querer meter no mesmo balaio o tal Adélio e o porteiro, como se houvesse um ente a orientar essas ações. 

Bolsonaro precisa decidir se quer que se faça justiça nos casos que lhe dizem respeito e a familiares ou se está em busca da inimputabilidade absoluta e de carta-branca para fazer o que lhe der na telha, já que seria vítima das tais forças ocultas.

Isso é conversa de malucos e de quem está disposto a atropelar limites institucionais para combater supostos conspiradores. Não por acaso, o presidente ameaçou a Globo com a cassação da concessão, como se isso, de resto, dependesse apenas da sua vontade. 

Não tenho dúvida de que o Ministério Público Estadual do Rio fez besteira. Mas certamente não essa apontada pelo advogado. 

Dada a forma como fala, Wassef não tem um cliente, mas um mártir em busca de reparação.

Por Reinaldo Azevedo

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