terça-feira, 29 de outubro de 2019

Com coceira na língua, Queiroz busca proteção


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Áudios como os que Fabrício Queiroz gravou no WhatsApp não chegam ao ventilador por acaso. Auxiliares do próprio presidente enxergam na divulgação das manifestações radioativas do amigo de Jair Bolsonaro e ex-assessor de Flávio Bolsonaro uma tentativa de assustar e obter proteção. Considerando-se as reações dos Bolsonaro, o recado foi recebido.

Num trecho dos áudios, Queiroz diz que o Ministério Público tem um falo —a palavra foi outra, mas não vale a pena repetir— "do tamanho de um cometa para enterrar na gente". Na prática, reconhece que há matéria-prima para complicar sua vida e a de seus amigos da primeira-família. Noutro trecho, Queiroz afirma: "Não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar…" Aqui, ele reclama de abandono, com todas as insinuações que esse tipo de observação carrega.

Os áudios de Queiroz são assustadores. Mas a reação do presidente e dos filhos, tíbia e envergonhada, espanta muito mais. As respostas que os Bolsonaro não têm condições de dar produzem um estrago maior do que as insinuações que Queiroz já não faz questão de ocultar.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro achou que seria uma boa ideia continuar traçando um perfil benevolente do amigo Queiroz: "Eu nunca neguei que encontrei um bom soldado de infantaria", ele disse. "Nunca neguei minha amizade por ele. Depois do que aconteceu, eu me afastei, senão seria acusado de obstruir a Justiça." Flávio Bolsonaro também alega que se afastou do personagem há quase um ano.

O problema não é o suposto distanciamento atual, mas a proximidade de mais de três décadas com um personagem tão desqualificado. Nesse ambiente em que Queiroz parece coçar a língua, a superblindagem que Dias Toffoli e Gilmar Mendes fornecem para Flávio Bolsonaro no Supremo torna-se ainda mais absurda.

Por Josias de Souza

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