quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Bolsonaro reduz estatura do filho para se preservar



Como pai, Jair Bolsonaro dispensou a Eduardo Bolsonaro um tratamento comparável ao de uma personagem de ficção criada pelo escritor gaúcho Josué Guimarães —uma mulher que diminuía diariamente de tamanho. Os familiares se esforçavam para que ela não percebesse o próprio encolhimento. Rebaixavam os móveis, serravam os pés de mesas e cadeiras. A diferença no caso de Bolsonaro é que ele rebaixa a estatura do seu filho Zero Três sem adaptar a mobília.

Ao sinalizar a intenção de nomear o filho para a principal embaixada do Brasil no exterior, Bolsonaro direcionou os refletores do país para os calcanhares de Eduardo. Verificou-se que sua única qualificação visível para o exercício da função era a autoproclamada habilidade para fritar hambúrgueres. O risco de o Senado rejeitar a indicação nunca foi negligenciável. Cresceu muito depois que a crise que Bolsonaro provocou no PSL reduziu o tamanho de Eduardo também no seu próprio partido.

Com toda a pressão do pai, Eduardo virou um líder de meia bancada, escorado numa lista precária. Afora a crise política interna, a família Bolsonaro arrostou um dissabor externo. Donald Trump ensinou aos Bolsonaro que, em diplomacia, fala mais alto o interesse, não o amor. Esse ensinamento foi ministrado quando a Casa Branca, contrariando as expectativas do Planalto, avalizou as candidaturas da Romênia e da Argentina na OCDE, deixando o Brasil na fila.

Foi nesse contexto que Bolsonaro decidiu recuar no plano de fazer do filho um embaixador. Fez isso por duas razões: 1) Não dispunha de votos suficientes no Senado. "Não estava nada garantido", admitiu o capitão; 2) A reprovação seria uma derrota do presidente, não do filho. Nada a ver, portanto, com "pacificação" do PSL ou qualquer outra desculpa esfarrapada.

De duas, uma: ou Bolsonaro para de envolver o filho em suas artimanhas ou Eduardo, já diminuto, terá de dormir numa caixa de fósforos.

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