domingo, 13 de outubro de 2019

Com mais vaias que aplausos, Bolsonaro participa de missa no Santuário Nacional de Aparecida



O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi recebido com vaias pela maior parte do público ao entrar no Santuário Nacional de Aparecida, para participar da missa das 16h, neste sábado. Ele também foi aplaudido, principalmente do lado de fora do altar central da Basílica.

Ele estava acompanhado de parlamentares do PSL, como a deputada estadual Letícia Aguiar, de São José dos Campos, e do deputado federal Hélio Lopes, também conhecido como ‘Hélio Negão’, além de membros do governo, como o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Jorge Antonio de Oliveira Francisco. A prefeita em exercício de Aparecida, Dina Moraes (PDT), também acompanhou a cerimônia.

“Hoje é um dia muito importante, dia da nossa Mãe Padroeira. Como mariana e devota de Nossa Senhora Aparecida, ter a presença do nosso presidente Bolsonaro tornou esse dia ainda mais especial”, disse Letícia Aguiar.

“É a primeira vez que um presidente da República vem a Basílica Nacional no dia da Padroeira. Bolsonaro foi muito aplaudido e ovacionado pelos devotos. Mostra que nosso povo está unido novamente, todos orando e pedindo para Nossa Senhora Aparecida abençoar o Brasil”, completou a deputada.

CHEGADA.

O presidente chegou de helicóptero à Basílica, às 15h10, desembarcando no heliporto do Santuário. Minutos antes da missa, ao entrar por um dos corredores que dá acesso ao altar central, Bolsonaro foi recebido primeiro com palmas e depois com vaias, que soaram mais fortes, surpreendendo o presidente.

Bolsonaro acompanhou a celebração em um cercado de frente para o altar central e o nicho da imagem de Nossa Senhora Aparecida, que ele visitou antes de ir embora de Aparecida. As vaias se repetiram quando o nome do presidente foi citado pelo padre que animava a celebração. E mais uma vez ao ser anunciado pelo arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, que presidiu a celebração.

A sensação para quem acompanhava a missa de dentro da Basílica é que as vaias foram ainda mais fortes nesse momento da celebração. Também foram ouvidos aplausos. Com capacidade para 40 mil pessoas, o espaço interno da Basílica não estava lotado para a missa das 16h.

Até meio-dia deste sábado, segundo a assessoria do Santuário, foram contabilizadas 145 mil pessoas na Basílica. O público esperado era de 170 mil.

MISSA.

Bolsonaro fez a primeira leitura da missa e ouviu uma homilia mais contida do arcebispo de Aparecida. Na celebração solene, às 9h de sábado, o religioso chegou a citar o “dragão do tradicionalismo”, a “direita violenta” e pediu que “nossas crianças não morram mais de bala perdida”.

À tarde, diante do presidente, Brandes começou falando da família e pediu para que as palavras do Evangelho fossem colocadas em prática. Mas não deixou de citar a política: “Há dragões de tudo que é lado. É a ideologia, são os interesses pessoais, tanto na direita quanto na esquerda. Isso não faz bem. Temos que procurar a verdade”, disse Brandes, que foi aplaudido.

Ele também pediu “pela vida do nosso povo, que está cansado e precisa de paz”.

Brandes destacou ainda a “pequena e preta” imagem de Nossa Senhora Aparecida, que estava na “lama”, comentou a passagem bíblica sobre Ester (“exilada, pobre e imigrante, e que se tornou rainha”) e completou dizendo que “muitas coisas são quebradas na Igreja, no país”, mas que podem ser “restauradas”.

Perto do final da missa, o arcebispo de Aparecida dirigiu-se ao presidente e disse para Bolsonaro: “Sinta-se abraçado pela mãe querida”.

Brandes ainda chamou o presidente ao altar para participar da consagração a Nossa Senhora Aparecida, no final da cerimônia. Antes, Bolsonaro comungou e ficou em silêncio por alguns minutos, com a cabeça baixa. Ele deixou a Basílica com sua comitiva sem falar com a imprensa.

Em O Vale

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