Um acerto dificilmente pode ser melhorado. Mas um erro pode ser sempre aperfeiçoado. E o governo de Jair Bolsonaro parece decidido a subverter o brocardo. Na área ambiental, a atual administração revela que é errando que se aprende… a errar. Desde que Bolsonaro tomou posse, houve três encrencas ambientais: o estouro da barragem da Vale, em Brumadinho; as queimadas na Amazônia e agora o vazamento de óleo na costa nordestina. A resposta de Brasília foi errática nos três casos.
Brumadinho revelou que o Brasil não tinha aprendido nada com o flagelo de Mariana, ocorrido pouco mais de três anos antes. Na esfera federal, verificou-se que a fiscalização de barragens é precária. Recém-chegado, o governo Bolsonaro prometeu providências. Nem sinal delas até agora. No caso dos incêndios na Amazônia, o governo questionou dados científicos, caluniou ONGs, rasgou dinheiro de doações internacionais e só acionou as Forças Armadas quando o fogo já havia consumido a imagem do Brasil no exterior.
No caso do vazamento de óleo, o governo não montou um gabinete de crise, como fizera no episódio de Brumadinho. Descobriu-se que a pasta do Meio Ambiente tinha revogado em abril dois comitês de reação a incidentes com óleo. E estava vago havia seis meses o comando do Departamento de Emergências Ambientais do ministério. O plano de contingência foi acionado com 41 dias de atraso.
Resultado: voluntários limpam as praias do Nordeste sem equipamentos adequados. E quando começam a aparecer os problemas de saúde provocados pelo contato com o óleo, o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, diz que o governo fez tudo certo. E insinua que um navio do Greenpeace pode ter derramado óleo em águas brasileiras. Falando desde a China, Jair Bolsonaro ecoa seu ministro: "Pra mim, isso é um ato terrorista. Esse Greenpeace só nos atrapalha". A Marinha brasileira, que centraliza as investigações, ainda não identificou culpados. Mas o ministro e seu chefe decidiram que é preciso aperfeiçoar os erros.
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